O Estado de S. Paulo

Em boa companhia

- Maria Fernanda Rodrigues FRANKFURT

Muito antes de Frankfurt se tornar um dos principais hubs da Europa, com voos conectando cidades do mundo inteiro, um jovem Goethe começou a ensaiar seus pensamento­s por aquelas ruas, ainda sem os arranha-céus envidraçad­os enfileirad­os no skyline da cidade.

Em 1749, a Frankfurt em que nasceu Johann Wolfgang von Goethe, o principal escritor da Alemanha, era bem diferente. Muito do que havia ali naquela época desaparece­u durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), mas as restauraçõ­es ajudaram a recriar um pouco do que havia de belo antes dos bombardeio­s. Caso da Römerberg, a praça onde está a prefeitura, e da casa onde Goethe, seu filho mais ilustre, viveu.

E é no discreto imóvel da Rua Grosser Hirschgrab­e – hoje, um museu – que começamos este roteiro literário-filosófico por Frankfurt e arredores, na companhia de seus moradores mais ilustres: Goethe em Frankfurt; Gutenberg em Mainz; Irmãos Grimm em Hanau; e na Heidelberg que encantou Goethe e Victor Hugo. São passeios que podem ser feitos em um dia, ou mesmo em uma tarde livre.

Além da conexão. Boa parte dos mais de 64 milhões de passageiro­s que desembarca­m no aeroporto de Frankfurt, o mais movimentad­o da Alemanha, está só de passagem: 59%, segundo pesquisa da empresa que administra o aeroporto, estão em conexão. Mas, para quem tem alguns dias a mais, há muito o que explorar na cidade e em seus arredores.

Sede financeira da Alemanha, Frankfurt recebe feiras temáticas mundialmen­te famosas, como a do livro e o Salão do Automóvel. É repleta de museus para todos os gostos. Tem zoológico e jardim botânico para passeios em família. Tem um bom comércio, muito schnitzel, salsicha, cerveja e sidra. E muita história.

As marcas da Segunda Guerra estão impressas na população, nos sinais das calçadas que dizem que ali, naquele lugar, morava uma família judia exterminad­a por Hitler, nas heranças do conflito. Em setembro do ano passado, por exemplo, uma grande bomba britânica foi encontrada na cidade e desarmada. Ao todo, 60 mil moradores tiveram de evacuar seus bairros. Mas, por fim, deu tudo certo.

Foi também nas ruas de Frankfurt que Anne Frank, nascida na cidade em 12 de junho de 1929, passou uma infância feliz antes de sua família se mudar para Amsterdã e ser dizimada pelos nazistas.

De Anne Frank restam dois endereços onde ela morou antes de se mudar para a Holanda: o número 307 da Rua Marbachweg, onde a família viveu até 1931, e no 24 da Ganghofers­trasse.

A autora do famoso diário, um dos principais testemunho­s da escalada ao terror promovida por Hitler, se mudaria para Amsterdã mais tarde, em 1934. O pai de Anne, Otto, acreditava que ali as filhas poderiam crescer sem ter problemas por serem judias.

A REPÓRTER VIAJOU COM O APOIO DO CENTRO DE TURISMO ALEMÃO (DZT)

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FRANCESCO CAROVILLAN­O/DZT
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MARIA FERNANDA RODRIGUES/ESTADÃO Destaques. Ambulante vende o típico bratwürst; no alto, a famosa (e rara) Bíblia de Gutenberg; estátua dos Irmãos Grimm em Hanau
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