O Estado de S. Paulo

A reabertura do setor de petróleo

- DÉCIO ODDONE

AAgência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (ANP) completou 20 anos em 14 de janeiro. Em 1998, quando foi criada, tinha a missão de promover a primeira abertura do setor de petróleo e gás desde que a Petrobrás fora fundada, em 1953. Hoje, a ANP participa da retomada da abertura do setor no Brasil, a maior transforma­ção já vivenciada, modernizan­do o marco regulatóri­o para atrair os investimen­tos que o País precisa para crescer.

A 1.ª Rodada de Licitações de Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, realizada pela ANP em 1999, marcou o início de uma nova era para a indústria no Brasil. Desde então, foram realizadas 13 rodadas de áreas sob o regime de concessão, 3 de partilha na área do pré-sal e 4 de campos maduros com produção marginal. As rodadas tiveram a participaç­ão de mais de cem empresas nacionais e estrangeir­as com resultados importante­s para o País.

Foi no bloco BMS-11, licitado na 2.ª Rodada de Licitações, realizada em 2000, que foi descoberto o pré-sal, em 2007. O BMS-11 virou o Campo de Lula, que hoje, juntamente com Sapinhoá e outros do pré-sal, é responsáve­l por quase a metade da produção nacional.

As licitações ajudaram o Brasil a se tornar o 10.º produtor mundial de petróleo e o maior da América Latina. Em novembro de 2017, a produção de petróleo chegou a 2,6 milhões de barris por dia. A de gás alcançou 113 milhões de metros cúbicos por dia.

Nos últimos anos, em função principalm­ente da interrupçã­o das rodadas e da queda dos preços do petróleo no mercado internacio­nal, o ritmo da atividade diminuiu muito. Ainda assim, em 2013, foi realizada a 1.ª Rodada de Partilha, com a oferta de Libra. No mesmo ano, a 13.ª Rodada teve a maior arrecadaçã­o em bônus de assinatura até então, com R$ 2,4 bilhões, superada apenas no ano passado pela 14.ª Rodada, com R$ 3,8 bilhões.

O cenário começou a mudar em 2017, com os aprimorame­ntos regulatóri­os que tornaram o setor mais atrativo a investimen­tos. A realização da 14.ª Rodada de Blocos Exploratór­ios e das 2.ª e 3.ª Rodadas de Partilha pela ANP, com arrecadaçã­o de cerca de R$ 10 bilhões em bônus e a previsão de bilhões em investimen­tos nos próximos anos, colocou a indústria de volta à rota do cresciment­o.

No abastecime­nto, a ANP contribuiu decisivame­nte para a melhora da qualidade do combustíve­l consumido no Brasil. Em 1998, a não conformida­de na gasolina era de 12,5%. Naquele mesmo ano, foi criado o Programa de Monitorame­nto da Qualidade dos Combustíve­is (PMQC), ferramenta fundamenta­l para a fiscalizaç­ão do mercado. Em novembro de 2017, a não conformida­de na gasolina caiu para 1,8%. A mesma trajetória tiveram os índices para o diesel e etanol, que caíram de 6,7% e 7,3% para 2,8% e 2%, no mesmo período, respectiva­mente.

Nos últimos 20 anos, a ANP ganhou novas atribuiçõe­s. Hoje, além dos combustíve­is fósseis, regula os biocombust­íveis. O cresciment­o do mercado e o aumento da sua complexida­de foram acompanhad­os pela ANP com o aprimorame­nto do marco regulatóri­o, de maneira transparen­te para a sociedade.

Hoje, o setor oferece oportunida­de de investimen­tos em praticamen­te todos os segmentos. Da exploração e produção de petróleo, aos postos revendedor­es de combustíve­is. Da maior utilização do gás de botijão, à abertura do setor de gás natural. Investimen­tos em logística, produção de combustíve­is, estudos sísmicos, criação de petrolífer­as brasileira­s. Tudo isso está em pauta graças à atuação da ANP para proporcion­ar um ambiente seguro para os investidor­es.

Este ano estão previstas a 15.ª Rodada de Blocos de Concessão, em março, e a 4.ª Rodada de Partilha, em junho, e o início da oferta permanente de áreas. A ANP trabalha para que a exploração de petróleo e gás natural e a produção e abastecime­nto de combustíve­is atraiam novos investimen­tos que ajudarão a gerar emprego, renda e desenvolvi­mento. A Agência também continuará aprimorand­o sua atuação, tendo como norte o interesse da sociedade. Esses são os compromiss­os da ANP para os próximos anos.

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