O Estado de S. Paulo

MDB quer ter Meirelles no plano eleitoral de Temer

Cúpula do partido vê o ministro da Fazenda como alternativ­a caso candidatur­a do presidente não ganhe força nos próximos meses

- / FELIPE FRAZÃO, ENVIADO ESPECIAL A GOIANA, IGOR GADELHA, VERA ROSA e ADRIANA FERNANDES

A cúpula do MDB quer que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, deixe o PSD e entre no partido do presidente Michel Temer para ser o plano B emedebista no caso de a eventual candidatur­a Temer não decolar. Em caso de sucesso na empreitada eleitoral do chefe do governo, o MDB avalia que o ministro da Fazenda pode ser o vice na chapa. Ontem, Temer levou Meirelles em um giro pelo Nordeste.

Depois de confirmar que será candidato a novo mandato, o presidente Michel Temer levou ontem a tiracolo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em um giro pelo Nordeste. A cúpula do MDB quer que Meirelles se filie ao partido e permaneça como uma espécie de “plano B” para o caso de Temer não conseguir viabilizar sua candidatur­a e desistir de entrar no páreo. Se o presidente não recuar, porém, o MDB avalia que Meirelles pode ser vice na chapa.

O ministro quer concorrer à Presidênci­a, mas enfrenta dificuldad­es para pôr de pé seu projeto eleitoral. Filiado ao PSD, Meirelles não tem apoio de sua própria legenda – que negocia com o PSDB do governador e presidenci­ável Geraldo Alckmin – e não obteve garantia de candidatur­a em partidos menores, como PRB, PSC e PHS. Até agora, ele tem dito que não será vice de ninguém. “O próprio presidente reclamava de ser vice”, afirmou o titular da Fazenda, em conversa reservada. Ao Estado, Meirelles disse que nada está definido. “No início de abril, vou tomar a decisão se fico no Ministério da Fazenda ou saio para disputar a eleição e, neste caso, por qual partido.”

O blog BR18, do Grupo Estado, antecipou no domingo que Temer já havia decidido disputar a reeleição, apesar dos bai- xos índices de aprovação do seu governo e da sua impopulari­dade. Em entrevista à IstoÉ desta semana, o presidente assumiu a candidatur­a. “Seria uma covardia não ser candidato”, afirmou ele à revista. “Se eu não tiver uma tribuna, o que vai acontecer é que os candidatos sairão e vão me bater.”

Disposto a manter Meirelles sob sua órbita, Temer fez ontem vários afagos ao comandante da economia. Os dois passaram o dia juntos cumprindo agenda oficial, mas em ritmo e estilo de campanha no Nordeste. Foram a Xique-Xique, na Bahia, a Petro- lina e a Goiana, em Pernambuco.

Embora em discurso tenham trocado elogios, Temer e Meirelles quase não se falaram durante a cerimônia na fábrica do grupo Fiat-Chrysler Automobile­s (FCA), na região metropolit­ana do Recife. Sentados lado a lado, aparentand­o cansaço pela extensa jornada, eles pouco trocaram palavras.

Meirelles citou Temer quatro vezes no discurso e fez veemente defesa das políticas sociais e econômicas do governo. Afirmou, por exemplo, que uma decisão de Temer foi fundamenta­l: a liberação do saldo de contas inativas do FGTS, que, segundo dados oficiais, injetou R$ 40 bilhões na economia.

Mote. “Vamos em frente porque agora sim, desta vez, o Brasil vai para a frente”, afirmou o ministro. Meirelles definiu Temer como um “líder nacional” que desenvolve­u “uma série impression­ante de reformas” no País. Afirmou, ainda, que o governo prioriza os programas sociais, com reajustes do Bolsa Família. “O melhor programa social é a crença no emprego”, disse, usando mote de sua pré-campanha.

Temer, por sua vez, passou o dia enaltecend­o o titular da Fazenda. Em Xique-Xique, por exemplo, chamou-o de “nosso Henrique Meirelles”. Animado com a receptivid­ade, durante inauguraçã­o de um projeto de irrigação, pediu aos seguranças que retirassem as grades que o separavam do público. “O Meirelles fez todo o esforço lá na Fazenda (...). Eu e o Meirelles podemos a esta altura patrocinar a queda do veto para que a micro e pequena empresa tenham a possibilid­ade de refinancia­r os seus débitos”, afirmou Temer.

Nos bastidores, dirigentes de partidos aliados têm receio de que uma eventual candidatur­a do presidente contamine as campanhas nos Estados, em razão de sua impopulari­dade. Muitos avaliam que, se em meados de julho o seu desempenho não melhorar, ele não disputará.

Embora o destino político de Meirelles ainda seja incerto, alguns amigos o aconselham a correr o risco de se filiar ao MDB. A direção do PRB sinalizou a Meirelles que iniciou conversas sobre uma possível candidatur­a ao Planalto com o empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo. Presidente do PSC, o pastor Everaldo Pereira também disse que o partido não tem como dar legenda para Meirelles concorrer. “Nosso candidato é Paulo Rabello ( de Castro)”, afirmou, em referência ao presidente do BNDES.

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GUGA MATOS/JC IMAGEM Dueto. Meirelles e Temer posam ao lado de funcionári­os do grupo Fiat-Chrysler

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