O Estado de S. Paulo

Emprego tem melhor bimestre em quatro anos

Caged apura criação de 143,1 mil vagas com carteira assinada no período, mas os 61,1 mil postos de fevereiro ficaram abaixo das previsões

- Fernando Nakagawa / BRASÍLIA COLABORARA­M FELIPE FRAZÃO E EDUARDO LAGUNA

O setor de serviços e a indústria lideram a retomada do emprego nos dois primeiros meses do ano e ajudaram o mercado de trabalho a terminar o bimestre com 143,1 mil novos postos formais, o melhor resultado desde 2014. Em fevereiro foram criadas 61,1 mil vagas. Dados do Ministério do Trabalho mostraram geração de empregos em seis dos oito setores da economia em janeiro e fevereiro.

O setor de serviços e a indústria lideram a retomada do emprego nos dois primeiros meses do ano e ajudaram o mercado de trabalho a terminar o bimestre com 143,1 mil novos trabalhado­res formais, o melhor resultado desde 2014. Apenas em fevereiro, foram registrado­s 61,1 mil novos trabalhado­res. O governo comemorou, mas o dado ficou bem abaixo da previsão dos analistas, que esperavam mais que o dobro de novos empregos no mês.

A retomada do emprego segue tendência de gradual recuperaçã­o. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos (Caged) mostraram geração de empregos em seis dos oito setores da economia em janeiro e fevereiro. A reação é liderada pelos serviços, onde houve 113,9 mil contrataçõ­es no bimestre. Quase metade dessas vagas foi criada no ensino (51,7 mil empregos). Outro destaque ficou com a comerciali­zação de imóveis e valores (35,6 mil).

A indústria também tem contratado mais. No bimestre, foram 67,4 mil trabalhado­res, sendo que 17,5 mil foram para o setor de calçados e 12,9 mil para indústria têxtil. Por outro lado, o comércio terminou o bimestre com 73,7 mil vagas a menos – bem perto das 80,7 mil demissões de igual período de 2017.

O governo foi rápido para comemorar. Em visita a uma montadora em Pernambuco, Temer demonstrou empolgação e chegou a trocar dados dos meses de janeiro e fevereiro. “A retomada da economia permite a recuperaçã­o de milhares de postos de trabalho. Temos de comemorar”, disse o presidente nas redes sociais.

Possível candidato em outubro, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, foi na mesma linha. “Os empregos des- truídos durante a crise estão sendo recuperado­s e os resultados serão cada vez melhores ao longo do ano”, disse o ministro.

Nos 12 meses até fevereiro, o Caged registra 102,4 mil novos empregados com carteira.

Cautela. O tom entre economista­s, porém, era bem mais cauteloso. Analistas dizem que a recuperaçã­o do emprego segue, mas o processo está sujeito a solavancos e fevereiro foi um exemplo: as 61,1 mil vagas do mês frustraram economista­s que previam 135 mil empre- gos. O desempenho f i cou aquém até da pior previsão coletada pelo Projeções Broadcast, que citava 90 mil vagas.

A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, avalia que o resultado mensal aquém do esperado não pode ser considerad­o positivo, mas é prematuro falar em reversão da tendência.

“Não se consegue emplacar vários meses seguidos de trajetória benigna”, comenta, acrescenta­ndo que, com ajustes sazonais feitos pela própria consultori­a, o saldo de empregos de fevereiro ficou perto de zero, após quatro meses de resultados positivos.

O analista da Tendências Consultori­a, Thiago Xavier, avalia que fevereiro mostra continuida­de “moderada” do processo de criação de empregos. Apesar da frustração para o economista que esperava 100 mil vagas, ele diz que a recuperaçã­o persiste. “Quando comparamos com os últimos dois anos, realmente o mercado está reagindo”, comenta. /

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