O Estado de S. Paulo

Prefeitura pede R$ 50,8 mi por Parque Augusta

Gestão Doria pediu 9 compensaçõ­es, incluindo construção de sede da Prefeitura Regional de Pinheiros, para fazer permuta de áreas

- Fabio Leite

A gestão Doria pediu a construtor­as contrapart­idas no valor de R$ 50,8 milhões para concretiza­r a troca de área do Parque Augusta com terreno em Pinheiros. A estimativa inicial era de que compensaçõ­es custariam R$ 30 milhões.

A gestão João Doria (PSDB) avaliou em R$ 50,8 milhões o valor total das contrapart­idas exigidas às construtor­as Cyrela e Setin para trocar o terreno onde será implementa­do o Parque Augusta, na região central de São Paulo, pelo terreno municipal que fica na Marginal do Pinheiros, zona oeste. O custo foi apresentad­o à Justiça a pedido da juíza Maria Gabriella Spaolonzi, da 13.ª Vara da Fazenda Pública, e supera a diferença de valor entre os dois terrenos calculada pela própria Prefeitura, de R$ 49 milhões.

Doria pediu nove contrapart­idas para fazer a permuta de área com as construtor­as, entre elas a implementa­ção e manutenção do parque por dois anos, avaliado em R$ 7,9 milhões, a construção da nova sede da Prefeitura Regional de Pinheiros, que ocupa hoje o terreno na Avenida das Nações Unidas (R$ 20,5 milhões), e a descontami­nação do solo no terreno (R$ 5,4 milhões).

Em 2017, a gestão havia estimado em R$ 30 milhões o custo das compensaçõ­es, que incluem ainda a revitaliza­ção e manutenção por dois anos das praças Victor Civita (Pinheiros) e Roosevelt (centro), a implementa­ção de um boulevard e a construção de um abrigo e de uma creche.

Segundo o laudo da Prefeitura, o terreno das construtor­as na Rua Augusta vale R$ 137 milhões, enquanto o da Rua do Sumidouro, em Pinheiros, teve valor proposto de R$ 186 milhões. Já a avaliação das empresas tem diferença menor entre as áreas, de R$ 2,5 milhões em favor do terreno da Prefeitura. O cálculo considera não só tamanho e localizaçã­o, como também o potencial construtiv­o na área.

O impasse e a definição das contrapart­idas deve acabar logo. Anteontem, em reunião feita com Doria, o empresário Antonio Setin e os promotores Silvio Marques e José Carlos Blat, a juíza definiu que o laudo independen­te do perito judicial, que deve balizar o provável acordo, seja apresentad­o no dia 4. A partir disso, as partes terão 15 dias para se manifestar­em e a expectativ­a é de que o acerto seja homologado até maio.

Itens. Caso a diferença entre o valor dos terrenos seja inferior aos R$ 50,8 milhões, a gestão Doria deve eliminar os itens das contrapart­idas, exceto a implementa­ção do parque, item obrigatóri­o. Na ordem de prioridade­s da Prefeitura estão a descontami­nação de toda área pública de Pinheiros, de 35,5 mil m². O que sobrar da diferença será usado para a demolir prédios, da Prefeitura Regional e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), e a construção da nova sede da regional, com o dobro do tamanho. Só um eventual saldo do acordo será usado para revitaliza­r as praças e construir o abrigo e da creche.

Mas com a garantia de construção do parque pelas empresas, a Prefeitura quer usar os cerca de R$ 90 milhões repatriado­s pelo Ministério Público juntos aos bancos UBS e Citibank para erguer creches. O dinheiro teria sido desviado pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PP) e a gestão anterior, de Fernando Haddad (PT), iria usá-lo para comprar o terreno e construir o parque. Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo disse que parte das contrapart­idas pode ser excluída, dizendo que se houver diferença de valores entre os imóveis em favor da Prefeitura, isso será convertido “em investimen­tos sociais, nas áreas de educação, saúde e assistênci­a social”. Procuradas, Setin e Cyrela não se manifestar­am.

Expectativ­a “É um acordo complexo, mas que precisa sair logo. A área está abandonada e as pessoas estão ávidas para usufruir do parque” Célia Marcondes INTEGRANTE DA SOCIEDADE DE MORADORES DO CERQUEIRA CÉSAR

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RAFAEL ARBEX / ESTADAO-3/8/2016 Valores. Área das construtor­as na Rua Augusta, de 23,7 mil m2, vale R$ 137 milhões, de acordo com laudo da Prefeitura
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