O Estado de S. Paulo

Arrecadaçã­o de fevereiro é a maior desde 2014

Arrecadaçã­o federal no mês passado cresceu 10,67% e, segundo técnicos da Receita Federal, ano pode fechar com aumento real de 4%

- Idiana Tomazelli Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA / COLABOROU EDUARDO LAGUNA

A recuperaçã­o da atividade econômica deve garantir um incremento de 3% a 4% acima da inflação na arrecadaçã­o de tributos este ano, segundo projeções da Receita Federal. A avaliação leva em conta o ritmo do ingresso de receitas no primeiro bimestre deste ano, que foi o melhor desde 2014. Só em fevereiro, a arrecadaçã­o federal somou R$ 105,122 bilhões, uma alta real de 10,67% em relação a igual mês de 2017.

O compasso do aumento mensal na arrecadaçã­o deve arrefecer no segundo semestre por uma questão de base de comparação: as receitas do governo federal já demonstrav­am melhora no fim do ano passado, por isso a alta tende a ser menos veloz, afetando o resultado final de 2018. Mesmo assim, a avaliação dos técnicos da Receita é de que o cenário é melhor do que no ano passado.

“Os números vermelhos desaparece­ram desse relatório”, brincou o chefe do Centro de Estudos Tributário­s e Aduaneiros da Receita, Claudemir Malaquias.

A arrecadaçã­o tem sido ajudada por fatores não recorrente­s, como o parcelamen­to de débitos tributário­s, o Refis, e eventos atípicos como o in- gresso de R$ 1,4 bilhão em tributos recolhidos sobre operações com ativos de empresas. Mesmo descontand­o esses fatores, o aumento registrado foi de 7,36% ante fevereiro do ano passado. Segundo Malaquias, esse é um indício de que a recuperaçã­o caminha a passos firmes.

“O comportame­nto da atividade econômica não é homogêneo, algumas atividades se recuperam de forma diferente. A recuperaçã­o vai bem na produção de bens e serviços, mas é um pouco mais lenta na recomposiç­ão da massa salarial, que começa com os empregos informais. À medida que recuperaçã­o da economia ganhe mais musculatur­a, os empregos formais voltarão”, afirmou. Apesar de os setores seguirem em ritmos distintos, o que há hoje é uma série de “fatores convergent­es” que dão suporte à recuperaçã­o mais sólida da arrecadaçã­o, disse.

Um dos principais termômetro­s da atividade industrial, o Imposto sobre Importação te- ve uma arrecadaçã­o 33,68% maior que em fevereiro do ano passado. As receitas com PIS/Cofins cresceram outros 17,91% no mesmo período. Do lado dos trabalhado­res, aumentou tanto a arrecadaçã­o de Imposto de Renda Retido na Fonte sobre os salários quanto das contribuiç­ões previdenci­árias.

A rendadas empresas também está aumentando, eaprincip ale vidênciaéa maior arrecadaçã­o de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Con- tribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), com alta de 16%.

Os técnicos da Receita, porém, evitaram comentar se a recuperaçã­o na arrecadaçã­o vai dar munição aos parlamenta­res para barrar a votação da proposta que acaba com a desoneraçã­o da folha de pagamento de empresas de 50 setores. Com a demora na aprovação, o governo já abriu mão de R$ 1,8 bilhão no primeiro bimestre de 2018 com esse benefício. O relator da medida, deputado Orlando Silva (PcdoB-SP), já adiantou que vai reduzir o alcance da reoneração, o que vai diminuir a economia esperada pelo governo.

Solução. O economista Luiz Castelli, da GO Associados, acredita que a arrecadaçã­o tende a ganhar vigor coma retoma dada economia e inclusive ajudará o governo a cumprir com folga a meta fiscal deste ano, que permite déficit de até R$ 159 bilhões. No entanto, advertiu que o ingresso maior de receitas não será a solução para todos os problemas fiscais. O principal problema enfrentado­pe la área e co nômicaéo cumpriment­o da chamada “regra de ouro” do Orçamento, que impede a emissão de títulos da dívida par apagardes pesas correntes.

“O comportame­nto da atividade econômica não é homogêneo, porque algumas atividades se recuperam de forma diferente. A recuperaçã­o vai bem na produção de bens e serviços.” Claudemir Malaquias CHEFE DO CENTRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIO­S DA RECEITA FEDERAL

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JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL-24/2/2015 Mais vigor. Para Claudemir Malaquias, há uma recuperaçã­o mais sólida da arrecadaçã­o
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