O Estado de S. Paulo

Cármen afirma que cansaço levou à suspensão de julgamento

Presidente do Supremo justifica decisão de adiar análise de HC para Lula e afirma que processo de petista não ‘furou’ fila

- Igor Moraes

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, afirmou que o julgamento do habeas corpus em favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi suspenso por conta do cansaço dos membros da Corte. Em entrevista dada à rádio Jovem Pan, ela negou ainda que o processo do petista tenha “furado” a fila para ser julgado antes do pedido de outros réus. A ministra disse ainda que o ex-presidente merece um tratamento justo.

“( O habeas corpus de Lula) não foi para a dianteira da fila. A ordem é a ordem da urgência em razão do ato que é questiona- do. Neste caso, a urgência foi considerad­a e liberada a decisão do ministro ( Edson) Fachin na segunda-feira. Pela legislação brasileira, liberado para julgamento, o habeas corpus é levado em mesa na primeira sessão subsequent­e”, explicou a ministra.

O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), responsáve­l pela análise do processo de Lula na segunda instância, agendou para segunda-feira o julgamento dos últimos recursos possíveis do ex-presidente na Justiça Federal. Caso os pedidos fossem negados, Lula poderia ter a prisão decretada.

No entanto, com a suspensão do julgamento no Supremo anteontem, os advogados solicitara­m por meio de liminar que o petista não seja preso até a retomada da análise do habeas corpus na Corte, marcada para o dia 4 de abril.

Cármen Lúcia negou que Lula tenha sido privilegia­do pelo fato de ser ex-presidente da República. Para a ministra, o petista merece um tratamento justo e não pode ser prejudicad­o por ter ocupado o posto.

“Acho que o ex-presidente Lula tem que ter o mesmo tratamento digno e respeitoso pela Justiça que deve ser dado a todo e qualquer cidadão. Na Justiça, todos são iguais. Não tem de ser privilegia­do, mas não pode ser destratado pela circunstân­cia de ter um título como esse, de ter sido presidente da República”, afirmou.

A ministra comentou também que recebe pressões com tranquilid­ade, mas que não imaginava que viveria esta situação. “Não imaginava. Situações como essas, que presidente­s de tribunais estão vivendo hoje, nenhum de nós que chegamos nestes cargos poderíamos supor”, disse. “O que nós vivemos hoje não é uma situação tranquila. Eu não imaginaria viver a situação de estar no meio de um tumulto tão grande”, completou.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO - 22/3/2018 HC. Cármen Lúcia diz ter visto urgência no caso de Lula

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