50ª fase da Lava Jato investiga esquema dentro da Transpetro
Batizada de Sothis II, nova operação mira em ex-gerente da subsidiária da Petrobrás José Antônio de Jesus
A Polícia Federal cumpriu ontem três mandados de busca e apreensão nos Estados de São Paulo e Bahia. A ação, batizada de Sothis II, é a 50.ª operação realizada pela PF como desdobramento da Lava Jato.
A nova ofensiva da força-tarefa tem origem na delação premiada de executivos da NM Engenharia, que relataram pagamentos de R$ 2,3 milhões em propinas ao ex-gerente da Transpetro – subsidiária da Petrobrás – José Antônio de Jesus, alvo da 47.ª etapa da Lava Jato.
Ao autorizar o cumprimento dos mandados, o juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância pelos casos relativos à Lava Jato, afirmou que a medida tinha por objetivo “a coleta de provas relativa à prática pelos investigados dos crimes de corrupção, concussão, lavagem de dinheiro, associação criminosa, evasão fraudulenta de divisas, além dos crimes antecedentes à lavagem de dinheiro e crimes conexos”.
A investigação foi reforçada, ainda, pela quebra de sigilo telemático que “permitiu identificar que José Antônio de Jesus era o verdadeiro gestor da empresa JRA Transportes”.
“Há indícios de que empresa Sirius Transportes e Logísticas Ltda., com sede no mesmo endereço da JRA Transportes, era igualmente administrada por José Antônio de Jesus, e tem por sócias as suas já citadas filha e esposa”, assinalou o juiz da Lava Jato.
José Roberto Soares Vieira, sócio da JRA, declarou à Polícia Federal que “as empresas Meta Manutenção e Ionice ME realizaram depósitos na conta da JRA Transportes, sem que tenha havido contraprestação de serviços, e que os depósitos da Meta Manutenção ocorreram entre 2010 e 2013, eram mensais, e em valores ainda mais expressivos do que os realizados pela NM Engenharia”.
A partir da quebra de sigilo bancário, a Procuradoria constatou que a Meta Manutenção e Instalações Industriais efetuou de fato transferências bancárias, em favor da JRA Transportes, no montante de R$ 2,325 milhões, no período de 1.º de setembro de 2009 a 6 de junho de 2011. “Após o recebimentos desses valores, houve saques em espécie, transferências para terceiros e aplicações financeiras da conta da JRA”.
Procurados, os citados não responderam aos contatos do Estado até a conclusão desta edição.
Assassinato. Um dos alvos da primeira Operação Sothis, o exvice prefeito de Ourolândia, cidade do norte da Bahia, José Roberto Soares Vieira, de 47 anos, foi morto no início deste ano. À época, Moro disse que não poderia excluir a possibilidade de homicídio estar relacionado à Lava Jato, já que ele havia confessado os crimes e colaborado com as investigações.