Sem pilotos, Brasil terá dois representantes nos ‘bastidores’
Engenheiros mecânicos são os únicos brasileiros que marcarão presença na principal categoria do automobilismo mundial
Pela primeira vez desde 1969, o Brasil não terá um piloto no grid da Fórmula 1. Mas o país não ficará sem representantes na categoria. Dois brasileiros vão atuar nos bastidores – os engenheiros mecânicos Ricardo Penteado e Marcos Lameirão.
Nascido em Teresópolis, Penteado é funcionário da Renault, tem 41 anos e soma mais GPs do que Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna. Foram 185 corridas em que esteve nas pistas checando e avaliando os motores.
Ele ocupa a função de “Trackside Operations Manager”. Em bom português, ele é o chefe de operações da pista. “É uma rotina complicada, estressante, apaixonante e com centenas de coisas para cuidar ao mesmo tempo”, diz Penteado, que mora na cidade francesa de Tho- non, próximo a Viry-Chatillon, onde fica a fábrica da Renault. Neste ano, ele será responsável pelos motores que abastecem a própria equipe francesa, a McLaren e a Red Bull. “Cuido também de baterias e ferramentas e coordeno a logística de tudo isso com a fábrica.”
O Brasil também tem ainda nas coxias Marcos Lameirão, filho do ex-piloto Francisco Lameirão, que se destacou nas décadas de 60 e 70.
Marcos, de 43 anos, seguiu o caminho dos bastidores. Formou-se engenheiro mecânico e se arriscou na Inglaterra ao res- ponder um anúncio da Force India na prestigiada revista Autosport. A aposta deu certo e o paulistano virou desenhista sênior, atuando no departamento de aerodinâmica da equipe, considerada uma das medianas da Fórmula 1.
“Desenhamos tudo o que está em contato com o ar no carro”, contou o engenheiro. “O que faço está mais restrito à fábrica porque o departamento de aerodinâmica está sempre trabalhando no passo seguinte do carro. Por isso não vou às corridas. Hoje lido mais com computadores do que com a graxa.”