O Estado de S. Paulo

IPCA-15 de março é o menor desde 2000

- Daniela Amorim / RIO Maria Regina Silva / SÃO PAULO

A prévia da inflação oficial de março mostrou que os preços continuam variando em patamares muito baixos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - 15 (IPCA-15) recuou de 0,38% em fevereiro para 0,10% em março, a menor taxa para o mês desde o ano 2000, segundo dados do IBGE.

A inflação acumulada em 12 meses também voltou a diminuir, para 2,80% em março, afastando-se do piso (de 3%) da meta perseguida pelo governo. Para alguns economista­s, esse resultado poderia abrir caminho para um novo corte na taxa básica de juros, além do já esperado na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), nos dias 15 e 16 de maio.

“O corte esperado para maio seria o derradeiro. Mas esse IPCA dá uma dúvida se na próxima reunião terá o último corte na taxa Selic ou não. Nosso cenário é de mais um corte e para por aí. Mas essa dúvida existe”, disse o economista Fabio Romão, da LCA Consultore­s.

O economista Daniel Gomes da Silva, do Modal Asset Management, diz que um novo corte na reunião do Copom marcada para junho ainda não está no radar, mas não pode ser descartado. “Até a reunião de maio já será um tempo relativame­nte grande. Precisamos avaliar como ficarão a inflação e a recuperaçã­o da atividade, que ainda segue meio duvidosa”, lembrou Gomes da Silva.

Em março, as famílias pagaram mais pelo plano de saúde (1,06%), que respondeu sozinho por 40% de toda a inflação do mês. Por outro lado, a conta de telefone fixo ficou mais barata (-0,94%), assim como os alimentos comprados nos supermerca­dos (-0,29%).

Para o fechamento do índice do mês, a expectativ­a é de ligeiro avanço, mas mantendo o baixo patamar de variação, prevê a Tendências Consultori­a Integrada. Os consumidor­es devem observar maior pressão do grupo de alimentos.

“Adicionalm­ente, espera-se avanço para os preços de vestuário, em linha com a sazonalida­de do período”, lembrou Marcio Milan, analista da Tendências. A LCA estima que o IPCA de março suba a 0,15%, com o fim da deflação dos alimentos. “Ainda é menos da metade do IPCA de fevereiro, que foi de 0,32%”, lembrou Romão, da LCA. Segundo ele, as altas de preços dos produtos agropecuár­ios no atacado devem chegar ao varejo, mas a elevação das despesas do consumidor com alimentos já estava no cenário previsto para este ano, por conta da safra agrícola menor.

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