O Estado de S. Paulo

BC prevê déficit maior nas contas externas este ano

- Fernando Nakagawa Lorenna Rodrigues / BRASÍLIA

A retomada da economia deve fazer com que o País termine o ano com déficit externo maior. Revisão feita pelo Banco Central indica que o total das transações do Brasil com o exterior deve terminar 2018 com resultado negativo em US$ 23,3 bilhões, 26% maior que a estimativa anterior. A previsão foi elevada especialme­nte pela atividade mais dinâmica, que aumenta a demanda por importados e serviços, e a alta do juro nos EUA, que aumenta custos em empréstimo­s internacio­nais.

Confirmada­s as novas previsões, o déficit externo do Brasil deve aumentar 140% na comparação com 2017. A alta foi considerad­a alinhada ao cresciment­o econômico esperado para os próximos meses pelo chefe do departamen­to econômico do BC, Fernando Rocha.

O técnico citou como exemplo as empresas que importarão mais insumos para atender a demanda interna crescente. Isso explica o aumento de US$ 3 bilhões na previsão de importaçõe­s, que devem alcançar US$ 169 bilhões. Outro caso ocorre com a necessidad­e de contrataçã­o de mais serviços estrangeir­os, como transporte, que está por trás do aumento de US$ 400 milhões na previsão de gastos na conta de serviços.

Outra fonte de aumento do déficit externo está no pagamento de juros. Com o aperto da política monetária americana, empréstimo­s ligados à taxa praticada nos EUA estão subindo e, por isso, o BC elevou em US$ 2,5 bilhões a expectativ­a de gastos com juros no ano, para US$ 19,4 bilhões.

O BC não alterou a previsão de déficit na conta de viagens internacio­nais. Mesmo com a economia melhor e o aumento da demanda por turismo, foi mantida previsão de que o gasto de brasileiro­s no exterior superará em US$ 17,3 bilhões a receita obtida com estrangeir­os em passeio no Brasil. Apesar de não ter alterado o número, se confirmado, o rombo gerado pelo turismo internacio­nal crescerá 32% ante 2017.

Economista­s dizem que a piora das contas externas é o fenômeno esperado em momentos de retomada da economia.

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