O Estado de S. Paulo

Três grupos devem entregar proposta por gasoduto de US$ 6 bi da Petrobrás

Reta final. Prazo para entrega de proposta firme para comprar a TAG termina na 2ª quinzena de abril; estão na disputa a francesa Engie, o fundo Mubadala e um consórcio formado pelo banco australian­o Macquarie, Itaúsa e Brasil Warrant, da família Moreira S

- Mônica Scaramuzzo Renée Pereira

A Petrobrás começa a receber a partir da segunda quinzena de abril as propostas firmes para a venda de 90% do gasoduto Transporta­dora Associada de Gás (TAG), que atende a região Nordeste do País. A francesa Engie, o fundo Mubadala, de Abu Dabi, e o consórcio formado entre o banco australian­o Macquarie, Itaúsa e Brasil Warrant, braço de investimen­to da família Moreira Salles, estão entre os investidor­es interessad­os em comprar o negócio, apurou o ‘Estado’. A transação é avaliada em US$ 6 bilhões, segundo fontes.

Até o fim do ano passado, o fundo Pátria também tinha interesse em fazer proposta pelo negócio. Mas a gestora brasileira, que tem parceria com o fundo americano Blackstone, não estaria disposta a fazer um desembolso tão alto pelo ativo, afirmaram duas pessoas familiariz­adas com o assunto.

A venda da TAG é considerad­a estratégic­a para a Petrobrás, que está em processo de desinvesti­mento de ativos para fazer caixa e honrar os compromiss­os. Se concretiza­da, a transação será a maior já realizada pela estatal. Em setembro de 2016, a petroleira vendeu 90% do gasoduto Nova Transporta­dora do Sudeste (NTS), sendo 82,35% para a gestora canadense Brookfield e 7,65% para o Itaúsa. A estatal levantou US$ 4,2 bilhões com esse negócio.

“Aos poucos a estatal volta o foco para seu principal negócio, que é explorar e produzir petróleo. Não faz sentido ter investi- mentos nessas áreas”, afirma o diretor do Centro Brasileiro de Infraestru­tura (CBIE), Adriano Pires, destacando que o próximo passo será vender as participaç­ões nas refinarias.

No mês passado, a Petrobrás sofreu um revés do Conselho Administra­tivo de Defesa Econômica (Cade) ao ter a venda da Liquigás – empresa de gás de cozinha – para o grupo Ultra, barrada. O valor do negócio era de R$ 2,8 bilhões.

Fontes familiariz­adas com as negociaçõe­s da TAG afirmaram que a disputa pelo ativo está acirrada. O banco australian­o Macquarie ganhou força no processo, com a entrada do Itaúsa, braço de investimen­tos do Itaú Unibanco, e da Brasil Warrant, family office da família Moreira Salles, no consórcio para a compra do gasoduto, de acordo com pessoas a par do assunto.

Procurados, Macquarie, Itaúsa e Brasil Warrant não comentaram o assunto. O fundo Mubadala não retornou os pedidos de entrevista. Em nota, a Engie informou que “tem interesse em ativos na cadeia de gás natural no Brasil e acompanha todos os movimentos no mercado”. Já a Petrobrás manteve o posicionam­ento divulgado em 28 de dezembro, que confirma ter dado início à fase vinculante do processo de alienação de 90% de sua participaç­ão na TAG.

Acelerado. Desde que assumiu a presidênci­a da Petrobrás, em maio de 2016, o executivo Pedro Parente tem acelerado o processo de venda de negócios considerad­os não estratégic­os para a estatal. O desafio da empresa é alcançar até o fim deste ano US$ 21 bilhões com a venda dos negócios.

No ano passado, a companhia levantou US$ 4,5 bilhões com o plano de desinvesti­mento, sendo US$ 4 bilhões em dezembro. Além de vender uma fatia de 25% do campo de Roncador, a estatal concluiu o processo de abertura de capital da BR Distribuid­ora, que reforçou o caixa em R$ 5 bilhões, e vendeu o campo de Azulão, na Bacia do Amazonas.

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ANDRÉ VALENTIM / AGENCIA PETROBRAS-28/11/2014 Negócio de peso. Gasoduto da Petrobrás, de 4,4 mil km. atende a região Nordeste e está avaliado em US$ 6 bilhões

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