O Estado de S. Paulo

Meirelles vai deixar Fazenda, afirma Temer

Ministro vai entregar o cargo e trocar o PSD pela sigla do presidente Michel Temer, mesmo sem ter a garantia de candidatur­a ao Planalto

- Adriana Fernandes ENVIADA ESPECIAL / PORTO ALEGRE Igor Gadelha / BRASÍLIA

O presidente Michel Temer confirmou que Henrique Meirelles vai deixar o Ministério da Fazenda nos próximos dias para tentar se viabilizar como candidato à Presidênci­a. Meirelles trocará o PSD pelo MDB e pode ser candidato pelo partido ou vice numa eventual chapa com Temer.

Mesmo sem garantia de que será cabeça de chapa na eleição para o Palácio do Planalto, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, decidiu se arriscar e vai deixar o cargo, se filiar ao MDB e tentar se candidatar na disputa de outubro. O ato de filiação deverá ser feito no início da próxima semana, quando será anunciado também o sucessor de Meirelles.

O secretário executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, foi o indicado por Meirelles para substituí-lo. O nome de Guardia, no entanto, enfrenta resistênci­as dentro do MDB, mas a expectativ­a é de que o presidente Michel Temer aceite a sugestão. O presidente foi alertado de que há risco elevado de outros integrante­s do chamado “dream team” deixarem a equipe econômica, caso o ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, seja indicado para o cargo.

Meirelles preferiu não confirmar ontem, em Porto Alegre, a decisão de ir para o MDB até que o anúncio do nome do seu sucessor seja feito. Após a decisão de deixar a pasta, Meirelles cancelou a ida a um fórum jurídico em Portugal.

A costura do acordo de sua ida para o MDB foi confirmada ontem pelo presidente Michel Temer ao Estadão/Broadcast, o que precipitou a movimentaç­ão em torno da sucessão. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu a escolha de Guardia.

Ao Estadão/Broadcast, Temer disse, por telefone, que já era a intenção de Meirelles deixar a pasta. “Já era a intenção dele. Acertamos nesses últimos dias”, afirmou o presidente. Para tentar viabilizar seu projeto eleitoral, o ministro da Fazenda vai deixar o PSD, sua atual legenda, e se filiar ao MDB, mesmo com o partido tendo o próprio Temer como pré-candidato à reeleição. A ideia é que o ministro fique como “plano B”, caso Temer não consiga viabilizar sua candidatur­a e desista de entrar no páreo. Se Temer não recuar, o MDB quer que Meirelles seja candidato a vice-presidente na chapa do emedebista.

O ministro resiste a ser vice e, por isso, ficou incomodado com a precipitaç­ão do presidente. A declaração de Temer foi feita enquanto Meirelles estava em voo para Porto Alegre, onde faria duas palestras para líderes empresaria­is. Meirelles não gostou de ter sido atropelado pelo presidente, porque queria ele mesmo fazer ao anúncio. Por isso, preferiu dizer publicamen­te que vai decidir somente no fim de semana.

Temer ligou para Meirelles para desfazer o mal-estar e depois acabou fazendo um recuo tático. Ontem à tarde, após participar de evento na Fecomercio-SP, em São Paulo, disse que conversou sobre todas as hipóteses com Meirelles. “Eu e o ministro Meirelles consideram­os as várias hipóteses no fim de semana, não havia exatamente uma decisão, mas consideran­do a hipótese de sua saída. E, evidenteme­nte, ao cuidar de

sua saída, se ele vier a sair, vou ouvi-lo muito na indicação do seu substituto”, disse o presidente a jornalista­s.

Substituto. A indicação de Guardia, segundo fontes, faz parte das costuras políticas para a migração de Meirelles ao MDB. O ministro também sugeriu o nome do secretário de Acompanham­ento Fiscal, Mansueto Almeida, para o Ministério do Planejamen­to, já que o ministro Dyogo Oliveira, como mostrou o Estado, é cotado para a presidênci­a do BNDES. Para um interlocut­or do ministro, seria um “desprestíg­io” de Meirelles

o presidente não aceitar a indicação de Guardia.

Em Porto Alegre, Meirelles já foi tratado como candidato e aplaudido na Federasul quando respondeu sobre a sua candidatur­a. No entanto, o ministro da Fazenda não chegou à decisão final com o MDB. “No momento em que eu tomar a decisão, eu anuncio”, disse. “Presidênci­a não é questão de desejo, é de oportunida­de”, afirmou.

“Já era a intenção dele (Meirelles). Acertamos (a saída) nesses últimos dias.” Michel Temer, presidente da República

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UESLEI MARCELINO/REUTERS-26/2/2018 Troca.Por eleição, Henrique Meirelles vai trocar o PSD pelo MDB
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NILTON FUKUDA/ESTADÃO

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