O Estado de S. Paulo

No Rio, violência não cede

Gabinete de Intervençã­o anunciou aumento de policiamen­to nas zonas norte, oeste e central; Rocinha teve mais um morto em troca de tiros

- Fábio Grellet Roberta Pennafort / RIO

Após um fim de semana violento no Rio e 39 dias do início da intervençã­o na segurança, as Forças Armadas anunciaram ontem reforço no patrulhame­nto de ruas nas regiões norte, sul e central da cidade. Ontem pela manhã, um homem morreu em troca de tiros com policiais na Favela da Rocinha, zona sul, que tem vivido uma escalada da violência. Em seis dias, 11 pessoas morreram baleadas na comunidade. Ainda ontem, à noite, um shopping em Botafogo, também na zona sul, fechou as portas após tiroteio no local.

O reforço foi anunciado ontem pelo Gabinete de Intervençã­o Federal. Além dos militares, participam do esquema agentes da Força Nacional, PMs e guardas-civis. Ontem, as tropas circularam pela cidade e fizeram reconhecim­ento para escolher os pontos onde permanecer­ão a partir de hoje.

Segundo o gabinete, alguns pontos já selecionad­os são o cruzamento das Avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, no centro, a Praia de Copacabana na altura do Copacabana Palace, e a orla de Botafogo na altura do Botafogo Praia Shopping – onde houve o tiroteio ontem. O órgão não informou quantos agentes estão envolvidos.

Ao Estado, o intervento­r, general Walter Braga Netto, disse há uma semana que a ação federal é “gerencial” e não vai privilegia­r tropas nas ruas. Segundo ele, a ideia é construir um modelo de gestão de segurança pública, com integração das polícias.

Medo. O morto na Rocinha, diz a PM, era traficante e entrou em confronto com o Batalhão de Operações Especiais (Bope). Um fuzil foi apreendido. Na favela, a onda recente de violência espalhou pânico, fechou escolas e encurralou moradores (leia mais nesta página). Na quarta, um idoso e um PM morreram na favela. No sábado, operação policial terminou com oito mortos. Em seis meses, são 128 registros de tiroteios ou disparos na favela, com 48 mortos e 44 feridos, segundo a plataforma colaborati­va Fogo Cruzado.

Na mesma região, por volta das 20 horas, o Botafogo Praia Shopping fechou, após tentativa de assalto a uma joalheria, e os clientes foram orientados a sair. Pelo menos três bandidos, que circularam pelos corredores vestidos como faxineiros, entraram na loja e anunciaram o roubo. Quando vigias tentaram evitar o crime, os ladrões atiraram pelo menos três vezes, sem atingir ninguém.

O bando recolheu objetos e fugiu para o estacionam­ento, onde renderam um cliente, que foi obrigado a levá-los embora, em seu carro. Essa vítima deixou o grupo em São Cristóvão, zona norte. Ninguém se feriu nem havia sido preso até 23h15.

Também ontem, a TV Globo flagrou homens armados disparando contra outro grupo nas favelas Bateau Mouche e Chacrinha, na zona oeste. A suspeita é de que sejam milicianos.

Outra milícia é apontada como autora da chacina que deixou cinco jovens mortos em Maricá, na Grande Rio, anteontem, segundo a Polícia Civil. Testemunha­s contaram ter ouvido os assassinos dizerem: “Aqui é milícia e vamos voltar”.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO Patrulhame­nto é reforçado na Rocinha, onde 11 pessoas morreram baleadas em 6 dias.
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RICARDO MORAES/REUTERS Pânico. Shopping na zona sul fechou as portas após tiroteio em tentativa de roubo a joalheria; não houve presos ou feridos

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