Imagens inéditas da seleção de 58 em livro
Material do repórter fotográfico Antônio Lúcio, que durante muitos anos trabalhou no Estado, é resgatado pela filha
Muito comum que tesouros de nossa história adormeçam durante décadas em escaninhos dos mais variados arquivos, sejam federais, estaduais, municipais, de universidades, de empresas ou, o que é frequente, de particulares. Ficam ali à espera de que um explorador os resgate, para felicidade geral da nação e para desgosto das traças, privadas de alimento de primeira. De quebra, adicionam informações novas a episódios ilustres ou obscuros de nossa vida.
O futebol está para ser premiado com um desses achados felizes, bem nos meses que antecedem o 60.º aniversário da primeira das cinco conquistas mundiais da seleção. Lote de 70 fotos – a maioria inédita – dos preparativos da amarelinha para a campanha de 1958 na Suécia ganhará a forma de livro a ser publicado às vésperas da Copa na Rússia.
O presente para quem curte esportes se deve à garimpagem da jornalista Silvia Herrera, filha de Antônio Lúcio, fotógrafo de olhar sensível e dedos ágeis que durante muito tempo brilhou nas páginas do Estado. Anos atrás, depois que o pai morrera, ficou com caixas de negativos que ele colecionara durante a carreira. Como acontece com material do gênero, quando herdeiros não sabem o que fazer, tinha tudo para, cedo ou tarde, transformar-se em sucata e ser doado para reciclagem. Ou ser destinado ao lixo.
A sensibilidade e a curiosidade de Sílvia, além do respeito pela obra de Lúcio, a levaram a vasculhar as pilhas de negativos. Até se deparar com uma série diferente de fotos, com personagens que pareciam da seleção. A revelação confirmou a expectativa: era registros da reunião do grupo convocado por Vicente Feola para concentração e treinos em Poços de Caldas, no início de 1958. Lúcio fora enviado pelo jornal para acompanhar a aventura.
Sílvia empolgou-se com a ideia de apresentar o tesouro para o público e me procurou, ainda antes da Copa de 2014, para dar uma mão no projeto. Topei na hora, embora minha colaboração tenha se limitado a textos de abertura, a resumo daquele Mundial e às legendas. E só, pois as estrelas são as obras-primas clicadas por Lúcio, em Seleção nunca vista, o livro que ficou no forno nesse tempo todo.
As fotos, em preto e branco, mostram jogadores consagrados, como Pepe, Zito, Gylmar, Didi e outros, compenetrados numa programação até então inédita para a seleção, com a liderança de Paulo Machado de Carvalho. Ao lados dele, o jovenzinho Pelé, que voltaria da Europa consagrado como o Rei do Futebol. Um marco no Brasil, que Lúcio fixou em imagens.
Na boa? Você vai gostar de ver.
Antero Greco
COLUNISTA DO ‘ESTADO’
‘As fotos, em preto e branco, mostram jogadores como Pepe, Zito, Gylmar, Didi e outros’