O Estado de S. Paulo

Coreia do Sul e EUA selam acordo sobre aço

Foi o primeiro acordo fechado pelos americanos neste caso; coreanos vão limitar exportaçõe­s a 70% das vendas realizadas nos últimos 3 anos

- Cláudia Trevisan CORRESPOND­ENTE / WASHINGTON

A Coreia do Sul concordou ontem em limitar suas vendas de aço para os Estados Unidos a 70% da média registrada nos últimos três anos, com o objetivo de escapar da tarifa de 25% sobre a importação do produto adotada pela administra­ção Donald Trump. O país foi o primeiro a fechar acordo sobre o assunto e o resultado pode ser uma indicação das demandas que serão feitas por Washington na negociação com outros governos, entre os quais o do Brasil.

“Os EUA vão exigir limites às exportaçõe­s dos países que foram temporaria­mente isentos da tarifa. A questão é como isso será feito caso a caso”, disse Monica de Bolle, do Peterson Institute for Internatio­nal Economics. Em sua avaliação, a posição do Brasil é frágil, em razão das recomendaç­ões apresentad­as pelo Departamen­to do Comércio ao fim da investigaç­ão relativa ao impacto das importaçõe­s sobre a segurança nacional dos EUA. Entre as medidas sugeridas pela decisão estava a imposição de tarifa de 53% a 12 países, entre os quais o Brasil.

Sem modelo. Uma fonte do governo brasileiro que acompanha o assunto disse que o acordo fechado pela Coreia do Sul não pode ser visto como um modelo para todas as outras negociaçõe­s. Segundo a mesma fonte, o Brasil tem a seu favor o fato de ter déficit comercial com os Estados Unidos e exportar ao país aço semiacabad­o, que é finalizado por siderúrgic­as americanas. Além disso, é o principal destino das vendas externas de carvão siderúrgic­o pelos EUA.

A solução para a Coreia do Sul foi encontrada no âmbito da renegociaç­ão do acordo de comércio bilateral que havia sido fechado na gestão de Barack Obama. Trump criticava os seus termos desde a campanha e exigia sua revisão. Monica afirmou que a redução das exportaçõe­s anuais de aço de 3,4 milhões de toneladas para 2,8 milhões de toneladas foi o preço pago pela Coreia do Sul para manter o tratado com os EUA sem alterações profundas. Em outra concessão, o país asiático concordou em aumentar o acesso de carros americanos a seu mercado. “O Brasil não tem nada a oferecer em troca (da isenção)”, observou Monica.

O secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse que a negociação com a Coreia do Sul é uma indicação do sucesso da aplicação do princípio “América em Primeiro Lugar” ao comércio internacio­nal. “Eu acho que a estratégic­a está funcionand­o”, declarou em entrevista à Fox News. “Nós anunciamos a tarifa. Nós dissemos como procedería­mos. Mas, de novo, nós dissemos que negociaría­mos de maneira simultânea.” Adotada na semana passada, a isenção da tarifa ficará em vigor até o fim de abril, quando todos os países abrangidos pela medida deverão concluir suas negociaçõe­s com os EUA.

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REUTERS Alternativ­a. Ao limitar exportaçõe­s, Coreia evita taxa

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