Órgão dos EUA confirma investigação no Facebook
Anúncio de inquérito pela autoridade de comércio americana só ocorre em casos graves; pressão na empresa cresce mesmo após pedido de desculpas
A autoridade regulatória de comércio americana (FTC, na sigla em inglês) confirmou ontem que está fazendo uma investigação aberta e não pública no Facebook, após a revelação de que dados de 50 milhões de usuários da rede social foram usados ilicitamente pela consultoria política Cambridge Analytica. A confirmação do inquérito, algo que só acontece em casos graves e de alto interesse público, ajudou a aumentar a pressão sobre a empresa, mesmo após seu presidente executivo, Mark Zuckerberg, vir a público pedir desculpas sobre o caso.
Na investigação, a FTC busca descobrir se o Facebook violou um acordo assinado em 2011. Nele, a empresa se comprometia com a autoridade regulatória a proteger a privacidade de seus usuários, disse uma fonte próxima ao assunto à agência de notícias Reuters. Caso a FTC apure que o acordo foi quebrado, as multas podem ser bilionárias. Em resposta, o diretor global de privacidade do Facebook, Rob Sherman, disse que a empresa segue “comprometida a proteger os dados dos usuários”. Pressão. Não foi só: ontem, a empresa também foi alvo de uma carta escrita por 37 advogados-gerais e de diferentes Estados dos EUA pedindo explicações sobre o papel da empresa no escândalo da Cambrigde Analytica, que usou informações privadas para manipular as opiniões de eleitores no pleito presidencial dos EUA em 2016. “Precisamos saber se os usuários podem confiar no Facebook. Com o que sabemos agora, nossa confiança foi quebrada”, diz a carta.
Para completar, o Senado americano confirmou um passo que já havia sido anunciado na última semana, convidando o presidente executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a se pronunciar sobre a privacidade dos dados dos cidadãos americanos, no próximo dia 10 de abril. Vale lembrar que, na semana passada, Zuckerberg disse que “estaria feliz” de depor no Senado se fosse “a pessoa mais apta para isso”, em entrevista à emissora americana CNN.
Além de Zuckerberg, foram convidados também a testemunhar Larry Page e Jack Dorsey, presidentes executivos de Alphabet e Twitter, respectivamente – a Alphabet é a holding que controla o Google. O Facebook confirmou que recebeu o convite e que está revisando suas informações antes de respondê-lo.
Na Alemanha, a ministra Katarina Barkey voltou a falar ontem que a rede social precisa enfrentar regras mais rígidas e penas mais duras. “No futuro, teremos
“No futuro, teremos que regulamentar empresas como o Facebook com muito mais rigor.” Katarina Barkey MINISTRA ALEMÃ
“Seguimos comprometidos a proteger as informações dos nossos usuários.” Rob Sherman DIRETOR DE PRIVACIDADE DO FACEBOOK
que regulamentar empresas como o Facebook com mais rigor”, disse, em coletiva de imprensa.
Bolsa. As medidas contra o Facebook, porém, não tiveram tanto impacto nas ações da empresa quanto o esperado. Ao longo do dia, os papéis da rede social chegaram a ser negociados a US$ 149, em baixa de 6,5% na comparação com o fechamento do pregão da última sexta-feira.
No entanto, as ações se recuperaram ao longo do dia, fechando o pregão com leve alta de 0,4%, negociados a US$ 160.