Colorido delirante
San Miguel de Allende e Guanajuato. Distantes 100 quilômetros uma da outra, elas compartilham características como o casario colorido em estilo colonial, a fundação no século 16 e o título de patrimônio da humanidade concedido pela Unesco. As semelhanças entre essas duas cidades mexicanas, porém, ficam por aí. Apesar de ambas serem deslumbrantes e ensolaradas, a primeira é mais asséptica – com ruelas extremamente limpas para receberem os milhares de turistas americanos que costumam lotá-las –, enquanto a segunda exala autenticidade mexicana.
Essa assepsia de San Miguel de Allende, entretanto, não a torna menos encantadora que sua vizinha Guanajuato. A cidade é um charme, com dezenas de hotéis-butique e galerias de arte entre suas ruas de pedra. O clima árido e a arquitetura das casas remeteriam aos famosos “pueblos blancos” andaluzes – vilarejos no sul da Espanha cujo casario é todo branco –, não fosse justamente pelas cores dos edifícios. Como na Andaluzia, em San Miguel as cores das casas também são padronizadas pela prefeitura, mas, no caso mexicano, não podem fugir do amarelo, do laranja, do vermelho e do marrom, o que forma uma paleta de cores harmônica e agradável aos olhos.
A organização das cores de San Miguel destoa da anarquia multicolorida de Guanajuato, onde o rosa das casas se mistura ao azul, que se mistura ao roxo e, por que não, ao verde-limão. Essa bagunça denuncia a atmosfera da cidade: mais barulhenta, mais agitada e menos “gringa”. Foram justamente as cores de Guanajuato e as casas praticamente penduradas em morros e encostas que inspiraram o cenário da Terra dos Mortos do filme Viva – A Vida é uma Festa, produzido pela Pixar e ganhador do Oscar de melhor filme de animação neste ano.
Se San Miguel se mostra mais harmônica e Guanajuato, mais caótica, juntas elas formam uma combinação perfeita para uma visita ao México, que vá além da dupla Cancún – Cidade do México. Revelam um lado ainda mais vibrante do país – e também cheio de história.