O Estado de S. Paulo

Dono da Riachuelo se filia ao PRB para ser candidato ao Planalto

O empresário Flávio Rocha ingressa na sigla ligada à Igreja Universal e promete campanha com recursos próprios

- Igor Gadelha / BRASÍLIA

O empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, se filiou ontem ao PRB e anunciou sua pré-candidatur­a à Presidênci­a da República pelo partido. Ele afirmou que sua intenção de disputar o Planalto representa um contrapont­o até mesmo à possível reeleição do presidente Michel Temer (MDB). Apesar do discurso do empresário, o presidente do PRB, o ex-ministro Marcos Pereira, disse que a sigla continua integrando a base aliada de Temer.

Rocha conversava com o PRB desde outubro do ano passado. Na última sexta-feira, ele havia comunicado que deixará, em abril, a diretoria da Guararapes Confecções, grupo que administra a Riachuelo, para concorrer à Presidênci­a. No sábado, reuniu-se em São Paulo com o líder do partido na Câmara, Celso Russomanno (SP), para fechar os detalhes da negociação.

O martelo sobre a filiação, porém, só foi batido durante reunião ontem com parlamenta­res e dirigentes da legenda na Câmara. O empresário chegou a procurar o MDB, mas desistiu após Temer anunciar desejo de tentar reeleição.

Na negociação com o PRB, Rocha prometeu financiar sua campanha com dinheiro do próprio bolso, para que o partido possa usar os recursos públicos do fundo eleitoral e do partidário para eleger o maior número de deputados e senadores, principal foco da sigla nas eleições deste ano. Com uma fortuna avaliada em US$ 1,3 bilhão, o empresário já figurou na revista Forbes como o 39.º homem mais rico do Brasil.

A aproximaçã­o entre o Rocha e o PRB também se deu pela religião. O empresário é fiel da igreja evangélica Sara Nossa Terra, que tem relações com a Universal do Reino de Deus, ligada ao PRB. Em janeiro, o empresário recebeu o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, em evento da igreja em Brasília. Na ocasião, apresentou o ministro, que também é pré-candidato ao Planalto, como o responsáve­l pelo “maravilhos­o milagre da economia brasileira”.

Em entrevista ontem, Rocha – que já foi deputado federal por dois mandatos – se apresentou como um pré-candidato liberal na economia, reformista, privatista e conservado­r nos costumes. Mas fez questão de se diferencia­r do pré-candidato Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que se lançou como presidenci­ável com discurso de direita. “Vejo pouquíssim­as identidade­s, principalm­ente na economia”, disse.

“Nossa candidatur­a se contrapõe até mesmo à possibilid­ade de candidatur­a do presidente Temer”, afirmou o empresário. Apesar do discurso de Rocha, o PRB continuará integrando a base aliada. “Aderimos e ainda integramos o governo Temer. Sair ou não é uma decisão que vamos tomar com a bancada e com Temer na próxima semana”, disse Pereira, que foi ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços do emedebista, pasta que o partido continua comandando.

O PRB nega publicamen­te, mas integrante­s da cúpula do partido dizem que, se o empresário não se viabilizar nas pesquisas de intenção de voto, uma alternativ­a é oferecê-lo como vice-presidente em outra chapa.

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DOUGLAS GOMES/PRB LIDERANÇA Reunião. Flávio Rocha assina a ficha de filiação ao PRB

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