Elite da polícia do Paraná vai apurar tiros a ônibus de Lula
Secretaria de Segurança do Paraná afirma que reforçou a apuração do ataque aos ônibus; petistas defendem a federalização do caso
Duas equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), grupo de elite da Polícia Civil do Paraná, vão investigar os ataques a tiros contra dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula pela Região Sul. Deputados do PT cobraram que o atentado seja investigado pela Polícia Federal. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) classificou o atentado como “gravíssimo”.
O grupo de elite da Polícia do Civil do Paraná entrou na investigação que apura os ataques sofridos pela caravana do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, afirmou, ontem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Duas equipes do chamado Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foram deslocadas para Laranjeiras do Sul, no interior do Paraná. Petistas, no entanto, cobram a federalização das investigações.
De acordo com a Secretaria, um inquérito policial já foi aberto para apurar o caso e o laudo pericial deve ficar pronto nos próximos dias. Dois dos três ônibus da caravana foram atacados, anteontem, na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul. Um dos veículos apresentava marcas na lataria.
O delegado de Polícia Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda, que não está mais à frente da investigação, disse por meio de nota que o caso deve ser tratado como tentativa de homicídio. Arruda foi o primeiro delegado a
confirmar que um dos ônibus da caravana foi atingido por ao menos um disparo de arma de fogo.
Suas declarações logo após o incidente não foram bem recebidas pela cúpula da Secretaria de Segurança. A apuração do caso será comandada pelo delegado Helder Andrade Lauria.
“Não há precipitação alguma em concluir o óbvio, que se há disparo de arma de fogo em direção a diversas pessoas em um ônibus, isso será considerado, em um primeiro momento, tentativa de homicídio, aqui e em qualquer lugar do mundo, embora se respeite opiniões diversas, desde que juridicamente funda-
mentadas”, disse Arruda ontem, que também reclamou da “extrema precariedade” da estrutura da Polícia Civil do Paraná.
Segundo a TV Globo, um grupo de advogados entregou ontem ao Ministério Público do Paraná cópias de mensagens de grupos de WhatsApp que sugeririam que o ataque à caravana foi premeditado.
O procurador-geral do Ministério Público do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, disse à imprensa local que dois promotores vão acompanhar o caso. “Estamos diante de prática de crime”, disse.
Já deputados da bancada pe- tista na Câmara culparam parlamentares da base de sustentação do governo Michel Temer por incitar a violência política contra adversários. Segundo eles, o PT está coletando vídeos, comentários em redes sociais e áudios em que parlamentares e seus simpatizantes estariam estimulando “grupos fascistas” e “milícias” a agirem contra a caravana de Lula.
Em entrevista na Câmara, os deputados Paulo Teixeira (PTSP), Marco Maia (PT-RS) e Celso Pansera (PT-RJ) disseram que iriam levantar provas contra “vários deputados” da base governista. Segundo esses parlamentares, postagens ofensivas de militantes contrários ao ex-presidente Lula também estão sendo identificadas e serão denunciadas à Polícia Federal.
Polarização. Os deputados do PT cobraram que o atentado contra a caravana seja investigado por forças federais e pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Eles entenderam que há uma escalada de violência motivada pela polarização do cenário político. “Se não fizerem isso, teremos outras mortes”, alertou Marco Maia, se referindo ao assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
Procurada, a ProcuradoriaGeral da República, órgão responsável por requerer a federalização das investigações à Justiça, informou ontem não haver qualquer previsão de que isso ocorra. A PGR disse que não se pronunciaria sobre os tiros contra a caravana de Lula.
Em meio ao desdobramentos do episódio e da possibilidade de prisão de Lula, os parlamentares afirmaram que as mobilizações continuarão. “Não podemos aceitar essa pressão criminosa”, disse Teixeira. /