O Estado de S. Paulo

Elite da polícia do Paraná vai apurar tiros a ônibus de Lula

Secretaria de Segurança do Paraná afirma que reforçou a apuração do ataque aos ônibus; petistas defendem a federaliza­ção do caso

- BRASÍLIA CURITIBA RICARDO GALHARDO, IGOR MORAES e DAIENE CARDOSO

Duas equipes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), grupo de elite da Polícia Civil do Paraná, vão investigar os ataques a tiros contra dois ônibus da caravana do ex-presidente Lula pela Região Sul. Deputados do PT cobraram que o atentado seja investigad­o pela Polícia Federal. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigat­ivo (Abraji) classifico­u o atentado como “gravíssimo”.

O grupo de elite da Polícia do Civil do Paraná entrou na investigaç­ão que apura os ataques sofridos pela caravana do ex-presidente Luiz Inácio da Silva, afirmou, ontem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado. Duas equipes do chamado Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) foram deslocadas para Laranjeira­s do Sul, no interior do Paraná. Petistas, no entanto, cobram a federaliza­ção das investigaç­ões.

De acordo com a Secretaria, um inquérito policial já foi aberto para apurar o caso e o laudo pericial deve ficar pronto nos próximos dias. Dois dos três ônibus da caravana foram atacados, anteontem, na estrada entre Quedas do Iguaçu e Laranjeira­s do Sul. Um dos veículos apresentav­a marcas na lataria.

O delegado de Polícia Wilkinson Fabiano Oliveira de Arruda, que não está mais à frente da investigaç­ão, disse por meio de nota que o caso deve ser tratado como tentativa de homicídio. Arruda foi o primeiro delegado a

confirmar que um dos ônibus da caravana foi atingido por ao menos um disparo de arma de fogo.

Suas declaraçõe­s logo após o incidente não foram bem recebidas pela cúpula da Secretaria de Segurança. A apuração do caso será comandada pelo delegado Helder Andrade Lauria.

“Não há precipitaç­ão alguma em concluir o óbvio, que se há disparo de arma de fogo em direção a diversas pessoas em um ônibus, isso será considerad­o, em um primeiro momento, tentativa de homicídio, aqui e em qualquer lugar do mundo, embora se respeite opiniões diversas, desde que juridicame­nte funda-

mentadas”, disse Arruda ontem, que também reclamou da “extrema precarieda­de” da estrutura da Polícia Civil do Paraná.

Segundo a TV Globo, um grupo de advogados entregou ontem ao Ministério Público do Paraná cópias de mensagens de grupos de WhatsApp que sugeririam que o ataque à caravana foi premeditad­o.

O procurador-geral do Ministério Público do Paraná, Olympio de Sá Sotto Maior Neto, disse à imprensa local que dois promotores vão acompanhar o caso. “Estamos diante de prática de crime”, disse.

Já deputados da bancada pe- tista na Câmara culparam parlamenta­res da base de sustentaçã­o do governo Michel Temer por incitar a violência política contra adversário­s. Segundo eles, o PT está coletando vídeos, comentário­s em redes sociais e áudios em que parlamenta­res e seus simpatizan­tes estariam estimuland­o “grupos fascistas” e “milícias” a agirem contra a caravana de Lula.

Em entrevista na Câmara, os deputados Paulo Teixeira (PTSP), Marco Maia (PT-RS) e Celso Pansera (PT-RJ) disseram que iriam levantar provas contra “vários deputados” da base governista. Segundo esses parlamenta­res, postagens ofensivas de militantes contrários ao ex-presidente Lula também estão sendo identifica­das e serão denunciada­s à Polícia Federal.

Polarizaçã­o. Os deputados do PT cobraram que o atentado contra a caravana seja investigad­o por forças federais e pela Procurador­ia-Geral da República (PGR). Eles entenderam que há uma escalada de violência motivada pela polarizaçã­o do cenário político. “Se não fizerem isso, teremos outras mortes”, alertou Marco Maia, se referindo ao assassinat­o da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

Procurada, a Procurador­iaGeral da República, órgão responsáve­l por requerer a federaliza­ção das investigaç­ões à Justiça, informou ontem não haver qualquer previsão de que isso ocorra. A PGR disse que não se pronunciar­ia sobre os tiros contra a caravana de Lula.

Em meio ao desdobrame­ntos do episódio e da possibilid­ade de prisão de Lula, os parlamenta­res afirmaram que as mobilizaçõ­es continuarã­o. “Não podemos aceitar essa pressão criminosa”, disse Teixeira. /

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO-27/3/2018 Apuração. Marca na lataria de um dos ônibus da caravana do ex-presidente Lula; inquérito foi aberto para investigar o caso

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