BC libera R$ 25,7 bi com redução de compulsório
Com a medida anunciada ontem, bancos vão reter um porcentual menor das operações, podendo ampliar volume disponível para crédito
O Banco Central reduziu os porcentuais dos compulsórios que os bancos são obrigados a reter na instituição com operações de depósito. A medida libera R$ 25,7 bilhões no sistema financeiro e faz com que os bancos tenham mais dinheiro para empréstimos. As instituições não poderão mais usar saldo de caixa para cumprir exigências.
O Banco Central reduziu ontem as parcelas que os bancos são obrigados a reter na instituição, os chamados depósitos compulsórios. A medida vai liberar R$ 25,7 bilhões no sistema financeiro e, com isso, os bancos passarão a ter mais dinheiro livre para empréstimos.
O BC afirmou que entre os objetivos da medida está reduzir o custo que os bancos têm ao manter o dinheiro retido no órgão regulador. Assim, as instituições financeiras podem diminuir o spread bancário, que é a diferença entre a taxa que o banco paga ao tomar empréstimo e a que cobra ao conceder crédito.
As medidas, aprovadas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), reduziram a exigência de parcela que deve ser mantida no BC de 40% para 25% no caso dos depósitos em conta corrente (à vista). Os porcentuais para os depósitos da poupança caíram de 24,5% para 20% e, no caso da poupança rural, o mínimo passou de 21% para 20%. As novas regas entram em vigor em abril. Os R$ 25,7 bilhões que serão liberados com a medida representam 5% do total de compulsórios que estão retidos hoje no Banco Central.
Quando um cliente faz um depósito em sua conta ou coloca dinheiro na poupança, o banco é obrigado a reservar parte desses recursos em uma conta no BC, o que impede a instituição de usar esse dinheiro para emprestar. Assim, o BC controla a quantidade de dinheiro disponível para empréstimos e financiamentos.
“Voltamos aos patamares das alíquotas pré-crise de 2008”, apontou o diretor de Regulação do BC, Otávio Damaso. Após afirmar que a redução das alíquotas de compulsórios cria condições para potenciais reduções nos spreads bancários, no entanto, o diretor não respondeu quando e quanto cairão os spreads cobrados nas operações de crédito.
Ele não respondeu se a medida pode ampliar a projeção para o crescimento do crédito em 2018. Nesta semana, o BC revisou de 3,0% para 3,5% a previsão de expansão da carteira crédito total neste ano. Perguntado se novas medidas de liberação de compulsório poderão ser adotadas, Damaso afirmou que o BC nunca esgota nada nessa linha, mas, se será feita ou não “são outros quinhentos”.
Para o economista da MB As- sociados, Sergio Vale, a mudança no compulsório pode ter mais efeito no mercado de empréstimos do que um corte de 0,25 na taxa básica de juros, a Selic. Ele avalia, porém, que os níveis de compulsórios no Brasil ainda são elevados e há espaço para cortes adicionais.
O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, acredita que o efeito será limitado. “A demanda por crédito ainda está fraca, especialmente por parte das empresas, e dificilmente haverá uma mudança muito grande mesmo com um eventual barateamento das taxas”, disse.
Pacote. O CMN aprovou a alteração de outras regras relativas ao compulsório. Uma das mudanças foi que os bancos não poderão mais utilizar o saldo de caixa para cumprir as exigências, inclusive os recursos mantidos em caixas eletrônicos (ATMs).
Outra alteração foi o aumento da faixa isenta de recolhimento de compulsório, que passará de R$ 70 milhões para R$ 200 milhões. Com isso, serão beneficiadas principalmente instituições financeiras menores, que têm depósitos mais instáveis e acabavam tendo custos maiores para cumprir as regras do BC. Também foram eliminadas regras que permitiam que depósitos feitos em bancos públicos por empresas públicas, fossem deduzidos do compulsório