Secretário executivo vai assumir Fazenda
Ministro da Fazenda vai deixar o cargo para tentar disputar a Presidência da República
O presidente Michel Temer escolheu Eduardo Guardia para comandar o Ministério da Fazenda no lugar de Henrique Meirelles, que deixará o cargo na próxima semana para tentar disputar as eleições de outubro. Meirelles vai se filiar ao MDB e quer concorrer à Presidência, mas ainda não tem garantia da candidatura.
Guardia, atual secretário executivo da Fazenda, enfrentava resistências no Congresso por ser considerado um técnico sem jogo de cintura política. A escolha do nome dele, no entanto, fez parte de um acordo entre Temer e Meirelles para que o ministro se filiasse ao MDB. Além disso, o presidente também avaliou que manter a continuidade na equipe econômica é o melhor caminho para evitar turbulências no fim do governo, principalmente às vésperas da campanha eleitoral. Projeções indicam um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que pode superar as expectativas e chegar a 3,4%, além de arrecadação em alta, inflação baixa e juros em queda.
Temer planeja entrar no páreo por um novo mandato e pode ter Meirelles como vice da chapa. Auxiliares do presidente dizem que a ideia é formar uma aliança entre a política e a economia, ao centro, para enfrentar os extremos. Se até o fim de junho Temer não tiver melhor desempenho nas pesquisas, a tarefa de defender o governo poderá ficar com Meirelles.
De perfil discreto, Guardia se transformou numa espécie de “Sr. não” nas negociações políticas com o Congresso. Para fechar o cofre do governo, ele bateu de frente, nos últimos meses, com os aliados do presidente ao buscar restringir as vantagens concedidas aos partidos
A reforma ministerial deve atingir 11 dos 29 ministros. Pela Lei Eleitoral, ocupantes de cargos públicos precisam entregar os cargos até 7 de abril, se quiserem entrar na disputa.
aliados, principalmente nas negociações para aprovação dos cinco Refis (parcelamento de débitos tributários). Também teve papel importante nas negociações para os Estados em dificuldade financeira e foi decisivo para barrar um socorro de R$ 600 milhões para o Rio Grande do Norte, o que evitou uma fissura no time econômico.
Por essa razão, já foi “demitido” diversas vezes por políticos no próprio gabinete. A postura linha-dura levou à resistências dos políticos à indicação do ministro Meirelles para substituílo. Além disso, o número 2 da Fazenda sempre foi visto como um nome do PSDB. Ele foi secretário do Tesouro no governo Fernando Henrique Cardoso e depois de secretário de Fazenda de Geraldo Alckmin, em SP.
Outras trocas. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, avisou Temer, ontem, que prefere não ser transferido para o BNDES. Sua preocupação é que uma eventual ida para o banco seja carimbada como um movimento para abertura do cofre. Diante da ponderação de Dyogo, Temer avalia se o secretário de Acompanhamento Fiscal, Mansueto Almeida, fica onde está ou se será deslocado.
Está certo que o ministro dos Transportes será Valter Casimiro, atual diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Casimiro substituirá Maurício Quintela (PR-AL), que pretende concorrer ao Senado. A reforma ministerial deve atingir 11 dos 29 ministros. Ocupantes de cargos públicos precisam sair até 7 de abril, se quiserem entrar na disputa.
O impasse sobre a sucessão no Ministério da Saúde continua. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, foi indicado pelo PP para assumir no lugar de Ricardo Barros, que deixou o cargo para retornar à Câmara e disputar a reeleição. O governo, no entanto, não bateu o martelo. /