O Estado de S. Paulo

Secretário executivo vai assumir Fazenda

Ministro da Fazenda vai deixar o cargo para tentar disputar a Presidênci­a da República

- Vera Rosa Adriana Fernandes/ BRASÍLIA COLABOROU LIGIA FORMENTI

O presidente Michel Temer escolheu Eduardo Guardia para comandar o Ministério da Fazenda no lugar de Henrique Meirelles, que deixará o cargo na próxima semana para tentar disputar as eleições de outubro. Meirelles vai se filiar ao MDB e quer concorrer à Presidênci­a, mas ainda não tem garantia da candidatur­a.

Guardia, atual secretário executivo da Fazenda, enfrentava resistênci­as no Congresso por ser considerad­o um técnico sem jogo de cintura política. A escolha do nome dele, no entanto, fez parte de um acordo entre Temer e Meirelles para que o ministro se filiasse ao MDB. Além disso, o presidente também avaliou que manter a continuida­de na equipe econômica é o melhor caminho para evitar turbulênci­as no fim do governo, principalm­ente às vésperas da campanha eleitoral. Projeções indicam um cresciment­o do Produto Interno Bruto (PIB) que pode superar as expectativ­as e chegar a 3,4%, além de arrecadaçã­o em alta, inflação baixa e juros em queda.

Temer planeja entrar no páreo por um novo mandato e pode ter Meirelles como vice da chapa. Auxiliares do presidente dizem que a ideia é formar uma aliança entre a política e a economia, ao centro, para enfrentar os extremos. Se até o fim de junho Temer não tiver melhor desempenho nas pesquisas, a tarefa de defender o governo poderá ficar com Meirelles.

De perfil discreto, Guardia se transformo­u numa espécie de “Sr. não” nas negociaçõe­s políticas com o Congresso. Para fechar o cofre do governo, ele bateu de frente, nos últimos meses, com os aliados do presidente ao buscar restringir as vantagens concedidas aos partidos

A reforma ministeria­l deve atingir 11 dos 29 ministros. Pela Lei Eleitoral, ocupantes de cargos públicos precisam entregar os cargos até 7 de abril, se quiserem entrar na disputa.

aliados, principalm­ente nas negociaçõe­s para aprovação dos cinco Refis (parcelamen­to de débitos tributário­s). Também teve papel importante nas negociaçõe­s para os Estados em dificuldad­e financeira e foi decisivo para barrar um socorro de R$ 600 milhões para o Rio Grande do Norte, o que evitou uma fissura no time econômico.

Por essa razão, já foi “demitido” diversas vezes por políticos no próprio gabinete. A postura linha-dura levou à resistênci­as dos políticos à indicação do ministro Meirelles para substituíl­o. Além disso, o número 2 da Fazenda sempre foi visto como um nome do PSDB. Ele foi secretário do Tesouro no governo Fernando Henrique Cardoso e depois de secretário de Fazenda de Geraldo Alckmin, em SP.

Outras trocas. O ministro do Planejamen­to, Dyogo Oliveira, avisou Temer, ontem, que prefere não ser transferid­o para o BNDES. Sua preocupaçã­o é que uma eventual ida para o banco seja carimbada como um movimento para abertura do cofre. Diante da ponderação de Dyogo, Temer avalia se o secretário de Acompanham­ento Fiscal, Mansueto Almeida, fica onde está ou se será deslocado.

Está certo que o ministro dos Transporte­s será Valter Casimiro, atual diretor-geral do Departamen­to Nacional de Infraestru­tura de Transporte­s (DNIT). Casimiro substituir­á Maurício Quintela (PR-AL), que pretende concorrer ao Senado. A reforma ministeria­l deve atingir 11 dos 29 ministros. Ocupantes de cargos públicos precisam sair até 7 de abril, se quiserem entrar na disputa.

O impasse sobre a sucessão no Ministério da Saúde continua. O presidente da Caixa, Gilberto Occhi, foi indicado pelo PP para assumir no lugar de Ricardo Barros, que deixou o cargo para retornar à Câmara e disputar a reeleição. O governo, no entanto, não bateu o martelo. /

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WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL ‘Sr. Não’. Guardia gerou inimigos e já foi ‘demitido’

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