O Estado de S. Paulo

Fórum dos Leitores

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PRISÃO EM 2ª INSTÂNCIA Presunção de inocência

Em que pese parte da doutrina jurídica de ordem constituci­onal aplicada ao Direito Penal, a presunção de inocência não se sustenta quando o crime é amplamente comprovado. Nessa mesma linha de defesa, entendo que, se o apenado for considerad­o culpado em segunda instância, o julgamento vem corroborar, com tudo o que foi investigad­o, provado com documentos e oitivas de testemunha­s de acusação e defesa na primeira instância, a culpabilid­ade do réu. Ou seja, deixa de existir a presunção de inocência e qualquer possibilid­ade de o acusado conseguir reverter a acusação da prática de infração penal. É interessan­te trazer à memória que o ministro Gilmar Mendes, do STF, julgou habeas corpus coletivo apresentad­o por uma associação de advogados do Ceará – o que acho um absurdo no ordena- mento jurídico – e achou incabível um pedido de libertação de todos os condenados em segunda instância. Entendeu não ser possível conceder um benefício sem considerar o caso específico, julgando que há presos “condenados por atos graves e não poderiam receber uma decisão que lhes permitisse­m responder em liberdade”. Fica mais que evidente e explícito nessa decisão de Mendes que a presunção de inocência deixa de existir como prerrogati­va do ordenament­o constituci­onal brasileiro. Impression­a o paradoxo dessa jurisprudê­ncia – da prisão em segunda instância – no STF. Na realidade, o STF está incorrendo em grave confusão jurídica jurisprude­ncial, porque, além de manter a impunidade, que tanto mal faz ao País, se prostra de joelhos para o apenado Lula da Silva, que certamente estaria preso após decisão do TRF-4. Muito juízo é pouco para tratar de matéria tão importante para o nosso futuro como país ordeiro e pacífico. JOSÉ EDUARDO VICTOR victorjose­eduardo@gmail.com Jaú

‘Periculum in mora’

Um espectro ronda o excelso pretório: o periculum in mora, ou seja, o perigo de que a demora possa trazer danos irreparáve­is. O adiamento de decidir se as eminências togadas vão decidir algo, a pretexto de terem de pegar um voo, seja qual for o motivo, de colher impropério­s em Lisboa ou de simplesmen­te necessitar de um longo repouso – pois ninguém é de ferro –, tudo isso entremeado por trocas de insultos, só pode ser motivo de preocupaçã­o. Sem contar o efeito dominó que a mais recente blindagem do ex-presidente poderá causar. O habeas Lulus ainda dará muito o que falar, antes e depois do dia 4 de abril. ALEXANDRU SOLOMON alex101243@gmail.com

São Paulo

Espiral de violência

Obviamente, não sou favorável aos tiros disparados contra a caravana de Lula no Paraná. Mas uma pessoa que vive incitando brigas entre classes, já convocou o “exército do Stédile” e em 25/3, em São Miguel do Oeste, mandou a Polícia Militar invadir uma residência e dar “um corretivo” num cidadão (às favas o artigo 5.º, XI, da Constituiç­ão) não deveria estranhar ser destinatár­io da mesma violência que prega contra seus opositores. LUCIANO NOGUEIRA MARMONTEL O episódio dos tiros nos ônibus com seguidores de Lula constitui uma consequênc­ia direta do aumento da polarizaçã­o e incitação à violência iniciado já há tempos pelo PT e por movimentos sociais associados, quando, em pleno Palácio do Planalto, o presidente da CUT, em discurso inflamado, declarou que pegaria em armas se Dilma Rousseff sofresse impeachmen­t.

PAULO ROBERTO GOTAÇ pgotac@gmail.com

Rio de Janeiro

Tudo podia ser diferente

Se os petistas tivessem vindo a público, ainda que uma só vez ao longo de décadas, para condenar a violência dos movimentos que os apoiam e para elucidar o assassinat­o do prefeito Celso Daniel, talvez a comitiva de Lula, em campanha ilegal pelo País, não fosse alvo de violência. SANDRA MARIA GONÇALVES sandgon@terra.com.br

São Paulo

Muito a desvendar

Se a caravana de Lula foi alvo de tiros nas estradas do Paraná, isso merece investigaç­ão. Mas é estranho o ônibus em que ele se encontrava sair incólume e apenas os dos “companheir­os” e da “imprensa estrangeir­a” serem alvejados. Há precedente­s: fizeram um estardalha­ço por uma bomba jogada no Instituto Lula, em São Paulo, e investigaç­ões chegaram à conclusão de que os automóveis utilizados seriam de pessoas ligadas aos petistas... Portanto, muito cuidado nessa hora. Quem garante que no caso da caravana o ataque não teria sido proposital para acusar os adversário­s? Quem ficaria de madrugada de butuca numa estra-

da deserta para atirar? Trabalhado­res, com certeza, não foram e nada melhor do que o próprio ônibus da imprensa ser atacado, para documentar tudo ao vivo. Sherlock Holmes diria: “Elementar, meu caro Watson”.

BEATRIZ CAMPOS

beatriz.campos@uol.com.br São Paulo Segurança de Lula (paz e amor) agrediu repórter da Globo. Posteriorm­ente, dois dos três ônibus que seguiam a caravana levando profission­ais da imprensa e convidados foram alvo de tiros. Fato de suma importânci­a é que Lula não estava nesses ônibus. Tais constataçõ­es sugerem que nas investigaç­ões não seja descartada a hipótese de que os tiros possam ter sido disparados por seguranças ou simpatizan­tes de Lula, em plena campanha eleitoral ilegal, sob a vista complacent­e de um TSE, que faz vista grossa para quem desrespeit­a as leis eleitorais vigentes. ROBERTO TWIASCHOR

rtwiaschor@uol.com.br São Paulo

Lugar mais seguro

Põe em risco a própria vida o condenado em segunda instância, em sua caravana por cidades brasileira­s. Ovos, pedra e agora tiros, uma situação de difícil controle pelas autoridade­s. Tudo isso poderia ser facilmente evitado se a lei fosse cumprida e o petista estivesse atrás das grades, sob a proteção do Estado e passando por medidas socioeduca­tivas para futurament­e ser reintegrad­o à sociedade. O STF deve atuar rápido, agora que decidiu julgar o habeas corpus do petista. A sociedade está agitada com o comportame­nto desafiador de Lula. A prisão parece ser um lugar mais seguro e adequado.

THIAGO ANDRADE

thiagocand­rade@yahoo.com.br Recife

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