O Estado de S. Paulo

Toffoli autoriza que Paulo Maluf fique preso em casa.

Ministro do STF cita problemas de saúde do deputado, que passou mal, ao conceder liminar

- Teo Cury / BRASÍLIA

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, concedeu ontem uma liminar autorizand­o a transferên­cia do deputado Paulo Maluf (PP-SP), de 86 anos, da ala de idosos do Complexo Penitenciá­rio da Papuda, em Brasília, para prisão domiciliar, em São Paulo.

O parlamenta­r está preso desde o dia 20 de dezembro, condenado a 7 anos, 9 meses e 10 dias por lavagem de dinheiro.

Antes, na madrugada, o deputado havia sido levado da Papuda para um hospital particular em Brasília depois de passar mal. Maluf foi submetido a um procedimen­to de infiltraçã­o de corticoide na coluna lombar para aliviar as dores causadas por uma hérnia de disco, que tem limitado sua mobilidade. Peritos do Instituto Médico Legal do Distrito Federal acompanhar­am o procedimen­to.

O deputado deve receber alta hoje. Quando o aval para deixar o hospital for dado pelos médicos que acompanham seu quadro de saúde, Maluf vai para São Paulo, onde cumprirá prisão domiciliar.

Em sua decisão, Dias Toffoli destacou que o deputado “pas- sa por graves problemas relacionad­os à sua saúde no cárcere, em face de inúmeras e graves patologias que o afligem”. O ministro divergiu do colega Edson Fachin, relator da ação penal que condenou Maluf, e que já havia negado embargos infringent­es apresentad­os pela defesa do parlamenta­r.

Toffoli submeteu a liminar favorável a Maluf para referendo do plenário do STF. Caberá à presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, pautar o caso.

Escolta. Na ala em que Maluf está internado no Hospital Ortopédico e Medicina Especializ­ada (Home), em Brasília, um agente à paisana circulava ontem à tarde pelo andar com uma pistola na cintura. Outros dois seguranças do próprio hospital vigiavam o corredor. A reportagem do Estado passou a tarde no hospital. Somente pacientes dos quartos e seus acompanhan­tes, desde que devidament­e identifica­dos, estavam autorizado­s a circular pelo andar em que o deputado está internado. Agentes penitenciá­rios da Subsecreta­ria do Sistema Penitenciá­rio do Distrito Federal são responsáve­is pela escolta de Maluf.

O hospital é referência em or- topedia, tendo atendido autoridade­s e delegações durante a Copa das Confederaç­ões e a Copa do Mundo de 2014. Antes de ser levado à sala de cirurgia, o parlamenta­r estava em “dieta zero”, sem poder se alimentar. Funcionári­os responsáve­is pela alimentaçã­o do hospital afirmaram, no entanto, que a comida servida a Maluf pela manhã foi a mesma dos demais pacientes.

O advogado Ricardo Tosto, um dos defensores do deputado, afirmou que “não há motivo nenhum para comemorar nada”, já que o quadro clínico de Maluf “é muito delicado”. “O que houve foi uma decisão humanitári­a por parte do ministro Dias Toffoli.”

O deputado foi preso em dezembro por ordem do ministro Celso de Mello, da Primeira Turma do Supremo, que mandou o parlamenta­r cumprir em regime fechado a condenação. Maluf foi processado por desvio de recursos dos cofres públicos quando exerceu o cargo de prefeito de São Paulo (1993-1996).

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LEONARDO BENASSATTO/REUTERS-20/12/2017 Deputado. Maluf deixa o Instituo Médico Legal no dia 20 de dezembro, quando foi preso

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