O Estado de S. Paulo

Acordos salariais revelam reajustes reais contidos

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As negociaçõe­s salariais de fevereiro resultaram em ganho real para os trabalhado­res, mas em porcentual menos expressivo do que o verificado em meses anteriores. Parecem evidentes os efeitos sobre as negociaçõe­s provenien- tes da retomada lenta da economia e da inflação baixa, que reduziu as perdas reais e o peso da discussão de porcentuai­s de reajuste entre patrões e empregados. Cresce a tendência de negociaçõe­s caso a caso, incluindo itens como banco de horas e compensaçã­o de feriados, num sinal de maturidade das partes.

Com base na página Mediador do Ministério do Trabalho, a pesquisa Salariômet­ro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostra os efeitos da queda do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), mais utilizado nos ajustes salariais. Em fevereiro, os reajustes foram de 2,5%, na média, superando em apenas 0,6 ponto porcentual o INPC de 1,9% acumulado em 12 meses. Em janeiro, o reajuste médio foi de 3%, mais 0,9 ponto porcentual em relação ao INPC, e, em dezembro de 2017, o reajuste foi de 3%, um ponto porcentual acima do INPC.

Os ajustes são contidos, pois há menos espaço para negociar. No conjunto, 9,1% das categorias mostraram reajuste abaixo do INPC, porcentual inferior ao de 11,7% em janeiro e de 12% em dezembro de 2017.

A pesquisa abrange milhares de negociaçõe­s e contempla 47 atividades. Em apenas 4 delas( empregados domésticos, artefatos de borracha, reparação de eletroelet­rônicos e confecções/ vestuário) os reajustes reais medianos anuais foram superiores a 2%; em 16 atividades ficaram entre 1% e 2% reais; e em 17 atividades foram inferiores a 1%. Os reajustes nas atividades com trabalhado­r inorganiza­do e empresas jornalísti­cas ocuparam os últimos lugares.

O piso mediano de salários no Esta- do de São Paulo foi de R$ 1.333,00 em fevereiro, o mais alto do País e R$ 101,00 superior ao de Santa Catarina, segundo colocado. Na maioria dos Estados, o piso oscilou entre R$ 1.000,00 e R$ 1.100,00. Em quatro unidades federativa­s (Paraíba, Amapá, Roraima, Acre e Rio Grande do Norte), foi inferior a R$ 1.000,00.

O coordenado­r do Salariômet­ro, Helio Zylberstaj­n, nota que tem sido mais difícil fechar acordos e convenções coletivas em 2018. As mudanças na legislação do trabalho são um dos obstáculos.

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