O Estado de S. Paulo

Facebook fará reformulaç­ão na área de privacidad­e.

Rede social pode perder até 40 milhões de usuários em um ano com crise de confiança

- Claudia Tozetto Victor Rezende

O Facebook anunciou ontem uma grande “reforma” em seus controles de privacidad­e para acalmar os ânimos de usuários e investidor­es em meio à crise de confiança iniciada pelas revelações do uso ilícito de dados pela Cambridge Analytica. A equipe da rede social, que tem corrido contra o tempo para evitar a fuga de usuários, passou a última semana redesenhan­do a área de configuraç­ões para tornar mais fácil que as pessoas restrinjam o acesso à informaçõe­s compartilh­adas no site. As mudanças serão divulgadas em todo o mundo nas próximas semanas.

“As mudanças são parte do nosso esforço em andamento para melhorar a forma como as pessoas gerenciam suas informaçõe­s”, afirmou o diretor global de privacidad­e do Facebook, Rob Sherman, em entrevista exclusiva ao Estado. “Vamos continuar investindo em privacidad­e em 2018.”

A preocupaçã­o é grande, porque as revelações sobre o uso ilícito de dados de 50 milhões de usuários do Facebook pela Cambridge Analytica jogou o Facebook em uma crise de confiança. Pesquisas de opinião já apontam que usuários estão abandonand­o os serviços do grupo. Análises obtidas pelo Estadão/Broadcast mostram que, no pior cenário, o Facebook poderá perder até 40 milhões de usuários em 2018, um golpe que deve ter impacto direto sobre seus resultados financeiro­s.

A crise de confiança também transparec­e em pesquisas de opinião. Segundo levantamen­to feito pelo Instituto Ipsos, em parceria com a agência de notícias Reuters, menos da metade dos americanos confia que o Facebook obedecerá às leis de privacidad­e dos Estados Unidos. Já um levantamen­to publicado pelo jornal alemão Bild revela que 60% dos alemães temem que o Facebook e outras redes sociais tenham impacto negativo na democracia.

O cenário negativo deve ter efeito já no balanço da empresa referente ao primeiro trimestre, de acordo com o economista Ziyaad Manie, do Rand Merchant Bank. Manie estima que a companhia pode perder 20 milhões de usuários nos EUA e no Canadá neste ano. Na Europa, a perda também é estimada em outros 20 milhões de usuários, no pior cenário. “Fora das economias de mercado desenvolvi- das, eu ficaria muito surpreso em ver os usuários deixando os serviços do Facebook tão agressivam­ente”, diz Manie. “Há muito menos cobertura do escândalo nos países em desenvolvi­mento.”

Anúncios. Ao perder usuários, a empresa de Zuckerberg pode enfrentar outro problema: a fuga de anunciante­s. Por ora, no entanto, a avaliação de analistas da Shareholde­rs Unite é de que o impacto do escândalo se- rá pequeno. “O Facebook é uma ótima ferramenta de persuasão e funciona em grande escala, se você está tentando influencia­r as pessoas se está vendendo um produto”, afirmam.

Apesar disso, a imagem arranhada da rede social pode pesar na decisão de algumas grandes companhias. Na semana passada, o banco alemão Commerzban­k suspendeu as campanhas publicitár­ias no Facebook. Decisão semelhante foi tomada pela Fundação Mozilla, que decidiu suspender a publicidad­e no Facebook até que a companhia de Zuckerberg melhorasse as configuraç­ões de privacidad­e.

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JEFF ROBERSON/AP Confiança. Ao facilitar acesso a controles de privacidad­e, Zuckerberg tenta conter fuga de usuários – e de anunciante­s
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NA WEB Dicas. Como proteger sua privacidad­e estadao.com.br/e/privacidad­e

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