O Estado de S. Paulo

“Brasil vive crise de políticos, não da política”

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Osecretári­o da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, Márcio Elias Rosa, procedeu verdadeira aula de história e civ ilidade por ocasião de encontro da política Olho no Olho e do Núcleo de Altos Temas do Secov i-SP (NAT), dia 21/3, na sede da entidade, quando falou sobre o tema “Corrupção e Cidadania”.

Na abertura dos t rabalhos, Romeu Chap Chap, coordenado­r do NAT, lembrou uma frase de autoria do próprio secretá r io: ‘A corrupção não é uma doença do Estado, mas um sintoma de que o Estado vai mal’.

“Como erva daninha, a corrupção espalhou-se de forma voraz e incontrolá­vel em nossas instituiçõ­es. Parece o rabo da salamandra que, cortado, se reconstitu­i por completo. Parece um buraco sem fundo. Corrupção exclui cidadania. Um Estado permissivo não é confiável. E confiança é o cimento que consolida as estruturas que sustentam a nação", asseverou.

Elias Rosa traçou o histórico da corrupção em outros países e no Brasil, passando pelo período colonia l, a República e a democracia. “Em 1916, o primeiro samba gravado no País – ‘Pelo telefone’, Donga –, dizia que ‘o chefe da polícia mandou av isar que na Carioca tem uma roleta para se jogar’. O jogo, proibido, div ulgado por uma autoridade pública numa época que telefone era pri- v ilégio dos ricos”, comentou.

“A nt iga mente, o despachant­e era uma espécie de intérprete nas relações entre o poder público e o setor privado, mostrando a distância entre ambos. E arraigou-se a ideia de que era preciso a zeitar a máquina para que ela f uncionasse. Daí a propina. Hoje, temos a ideia de um Estado à venda e de políticos à venda”, adicionou.

Acontece que é equivocado o discurso nefasto de que política é ruim. Quem assim pensa flerta com o autoritari­smo. “O Brasil não v ive uma crise política, mas a crise de alg uns políticos ruins. Não se pode criminaliz­ar a política por esses políticos, assim como não se criminaliz­a a medicina por erros médicos ou a magis- tratura por erros jurídicos. Só a política pode resolver o problema dos cidadãos. Portanto, não cabe separá-la da sociedade. Certo é distinguir entre honestos e desonestos, cabendo a estes últimos a cela ou a solidão”, sa lientou o secretário.

“Feli zmente, ava nçamos muito. A sociedade está empenhada no combate à corrupção. Exige moralidade. E, graças à maior maturidade democrátic­a adquirida, saberá expressar isso nas próx imas eleições”, arrematou.

Elias Rosa também analisou a questão de liminar que suspendeu o direito de protocolo na cidade de São Paulo, pa ra l isa ndo i números empreendi mentos, dent re os quais oito mil habitações de interesse socia l dirigidas a famílias de bai xa renda. “Não poderíamos dei xar de aproveitar para também conhecer a visão de um dos ícones do Ministério Público sobre mais este flagrante ataque à seg ura nça jur ídica”, comentou o presidente do Secov i-SP, Flav io Amary.

“Só a política pode resolver o problema dos cidadãos. Portanto, não cabe separá-la da sociedade”

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Flavio Amary, Márcio Elias Rosa e Romeu Chap Chap

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