O Estado de S. Paulo

Drama e sobrenatur­al

Série ‘The Terror’ conta história real de expedição ao Ártico

- Mariane Morisawa ESPECIAL PARA O ESTADO LOS ANGELES

Mistério, drama, eventos históricos e um toque sobrenatur­al se misturam na superprodu­ção The Terror, criada por David Kajganich e Soo Hugh, que estreou na segunda, 26, com episódio duplo, na AMC. A série, baseada no romance O Terror, de Dan Simmons, lançado no Brasil pela editora Rocco, conta a história da Expedição Franklin, composta por dois navios da Marinha inglesa, Terror e Erebus, com cerca de 130 homens a bordo, que em 1845 partiu para o Ártico para descobrir a Passagem Noroeste. Na história real, os dois navios sumiram, e ninguém sobreviveu. No livro, há especulaçã­o sobre uma criatura mítica do folclore inuit que poderia ter assombrado os marinheiro­s. “Decidimos escrever como um drama guiado pelos personagen­s, deixando a parte de gênero – o terror, o sobrenatur­al – se juntar à jornada deles nos momentos necessário­s”, explicou Kajganich em entrevista ao Estado, em Los Angeles. Soo Hugh acrescento­u: “Havia a tentação, sendo terror, de realmente usar os sustos, as pegadinhas. Tem essa gramática. Mas nós sabíamos, ao contar essa história, que o monstro é apenas um dos terrores. Todas as experiênci­as tinham de ser viscerais”.

O drama está nas costas do comandante da expedição, o arrogante John Franklin (Ciáran Hinds), do capitão do navio Terror, Francis Crozier (Jared Harris), que é mais prudente, e o segundo comandante, James Fitzjames (Tobias Menzies), um sujeito aristocrát­ico sem experiênci­a. “Francis passa por muitas mudanças”, disse Jared Harris, conhecido por seu trabalho na série Mad Men. “Ele começa com um grande navio em suas costas, mas sabe que foi traído pela sociedade e pela Marinha, que nunca vai avançar de forma significat­iva. Ele meio que desistiu. Na jornada, descobre uma determinaç­ão que não sabia ter.” Uma das pedras na sua bota é justamente Fitzjames, que conseguiu um lugar importante na expedição mesmo sem ter experiênci­a. “Ele é um menino de ouro, sempre foi protegido na Marinha. No fim, ele e Francis precisam se entender, algo que seria quase impossível nas estruturas da sociedade vitoriana.” Para o ator, que está em Game of Thrones e Outlander, a série é “sombria, sobre sobrevivên­cia, mas também sobre a força do espírito humano”.

Para Kajganich, era importante deixar claro os perigos do excesso de confiança e da arrogância ocidentais. “A audácia e a ignorância necessária­s para rei- vindicar uma terra que não é sua é apavorante”, disse. “Também tivemos muito cuidado para representa­r a cultura inuit de maneira correta.”

Uma das coisas mais impression­antes da série, que se desenrola lentamente, mas prende a atenção com sua tensão permanente e personagen­s bem desenvolvi­dos, interpreta­dos por grandes atores, é o tamanho da produção. Filmar no Ártico seria impossível (até porque a mudança climática faz com que ele seja muito diferente hoje), então tudo foi rodado em estúdio, em Budapeste. Os efeitos especiais são de primeira linha. Mais um ponto para o canal AMC, que é conhecido por dramas como Mad Men e Breaking Bad e séries de terror como The Walking Dead. The Terror é uma mistura das duas coisas.

SUSPENSE FOI RODADO EM ESTÚDIO LOCALIZADO EM BUDAPESTE

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AIDAN MONAGHAN/AMC Drama. Experiênci­as viscerais de expedição no século 19

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