O Estado de S. Paulo

A luta por democracia no mundo virtual

- Luiz Carlos Merten

Gostei

Steven

Spielberg pode ter demorado quase 20 anos, mas fez o seu Matrix. No começo, Jogador N.º 1 causa estranhame­nto, mas isso até o espectador se dar conta de que está imerso num mundo totalmente virtual. Estranhame­nto, desconfort­o. Na Terra de 2045, nada nem ninguém é o que parece. Para fugir ao horror da realidade, as pessoas se refugiam num mundo de sonho. Vivem por meio de avatares, participan­do de um jogo. Buscam as três chaves para vencer o jogo. Quem o fizer, ganhará o controle do mundo. Orçado em dólares, US$ 1 trilhão.

A primeira reação diante de Jogador N.º 1 é dizer que Spielberg está de volta à estética de efeitos. De volta? Durante toda a sua carreira, ele nunca fez outra coisa senão alternar suas grandes máquinas de diversão com empreendim­entos mais ‘sérios’. Com a trilogia informal formada por O Terminal, Muni

que e Guerra dos Mundos, fez a mais densa indagação sobre os rumos da ‘América’ no pós-11 de Setembro. Teve gente que achou que Michael Moore é quem estava fazendo isso. Com Lincoln e The Post, questionou a democracia, nos EUA e no mundo. Jo

gador fecha outra trilogia – sobre a democracia. A luta contra o controle da informação no mundo virtual. Realidade vs. fantasia. Mas o que é realidade, numa sala de cinema? Jogador N.º 1 é um filme visionário. E sobre o grupo. A união que faz a força.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil