O Estado de S. Paulo

Violência inadmissív­el

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Os tiros disparados contra comitiva do ex-presidente Lula da Silva constituem intoleráve­l incidente. É preciso que o caso seja investigad­o com celeridade.

Os tiros disparados contra dois ônibus da comitiva do expresiden­te Lula da Silva, durante passagem pelo Paraná na terça-feira passada, constituem intoleráve­l incidente. É preciso que as autoridade­s estaduais responsáve­is pela segurança pública investigue­m de maneira célere o caso, para que logo se conheça a autoria desse ato violento. Foram colocadas em risco as vidas de muitas pessoas e isso não pode passar em brancas nuvens.

A “caravana” de Lula da Silva por cidades do Sul do País tem sido alvo de manifestaç­ões, muitas delas violentas. O número de manifestan­tes não é expressivo, mas a disposição deles de causar embaraços ao ex-presidente resulta em tensão crescente – convenient­e- mente explorada pelo PT.

É bom que se frise que, apesar das ameaças de tumulto, a comitiva petista não fez à Secretaria da Segurança Pública do Paraná nenhum pedido formal de escolta, nem para a “caravana” nem para Lula. A Secretaria informou ainda que não tinha como garantir o policiamen­to, uma vez que o itinerário da “caravana” foi mudado sem aviso. Ou seja, os petistas preferiram correr o risco do confronto, pondo em perigo a integridad­e física do ex-presidente, a ter a proteção da Polícia Militar paranaense.

Isso não significa, é claro, que a comitiva de Lula seja responsáve­l pela violência que vem sofrendo. Nada justifica o ataque com paus, pedras, chicotes e tiros contra um grupo político antagonist­a, por mais danoso que esse grupo seja para o País. Considerar que a violência contra Lula da Silva e seus sequa- zes seja uma consequênc­ia natural – e, portanto, aceitável – do discurso belicoso do chefão petista, como se este fizesse por merecer as agressões por ter dividido o País entre “nós” e “eles”, é dar um passo decisivo para o bem conhecido terreno do vale-tudo, que nada tem a ver com democracia.

Saliente-se, ademais, que trazer o embate político para o terreno do vale-tudo é precisamen­te o que gostariam de fazer os radicais petistas, incapazes desde sempre de conviver democratic­amente com seus adversário­s. Abundam episódios e situações em que os petistas deram apoio, explícito ou velado, a grupos violentos que atuavam em favor de suas causas.

Não é possível esquecer que Lula da Silva certa vez ameaçou convocar em defesa do governo petista o “exército de Stédile”, isto é, a milícia do Movimento dos Traba- lhadores Rurais Sem Terra, espécie de vanguarda da arruaça nacional liderada pelo notório João Pedro Stédile.

Tampouco é possível esquecer que, em 2000, apenas dois anos antes da primeira eleição de Lula, o então deputado José Dirceu subiu num palanque para incitar os professore­s de São Paulo à greve porque “eles” – isto é, os tucanos, como o governador Mário Covas – tinham de “apanhar nas ruas e nas urnas”. Dias depois, Mário Covas sofreu covarde agressão física praticada pelos sindicalis­tas petistas – os que hoje se queixam da violência contra Lula.

Mesmo agora, diante dos protestos hostis no Sul do País, Lula, enquanto dizia que “a gente quer paz”, cobrou que a Polícia Militar desse um “corretivo” nos manifestan­tes.

Exemplos da truculênci­a petista, portanto, não faltam, mas os brasileiro­s debem, por mais irritados que estejam comalenga-lenga cínica de Lula da Silva, Dilma Rousseff e sua tigrada, não podem se rebaixara o nível dos que só têm a ganhar coma transforma­ção da cena política em ringue. Ao contrário, é preciso deixar muito claro quem são os inimigos da democracia.

Os petistas radicais já se sabe que são. A eles se juntam agora seus ruidosos antípodas, partidário­s da volta da ditadura e totalmente infensos ao diálogo político e institucio­nal. A nenhum desses ferra brases interessa os valor escaros da democracia, co moo respeitoà lei eà divergênci­a. Portanto, admitir que um ou outro lado desse embate extremista possa ter alguma razão, por meio de seja lá que contorcion­ismo retórico, é aceitara suspensão desses valores. E isso nunca termina bem.

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