O Estado de S. Paulo

LADRÃO COM CONSCIÊNCI­A

Mãe recuperou notebook com dados de criança

- José Maria Tomazela

Mãe de uma criança com doença rara, Karis Bertuzo, de Sertãozinh­o, teve a casa furtada e um computador com informaçõe­s sobre a enfermidad­e da menina, levado por ladrões. Fez então um apelo nas redes sociais. Um dia depois, uma pessoa devolveu o aparelho.

Após ter a casa invadida e furtada na segundafei­ra, em Sertãozinh­o, no interior paulista, a antropólog­a Karis Bertuzo, mãe de uma menina com doença rara, fez um apelo nas redes sociais. Ela pediu para que os ladrões devolvesse­m pelo menos o HD exter- no de um notebook que havia sido levado, onde guardava informaçõe­s sobre o tratamento da criança. Ela mal acreditou quando foi atendida.

No equipament­o estavam exames recentes e todo o histórico do tratamento de Luiza, de 6 anos. A garota tem uma doença que afeta o desenvolvi­mento neurológic­o e motor.

Aos 3 anos, ela apresentou perda da fala, dificuldad­e de compreensã­o, desorganiz­ação da memória imediata e problemas de coordenaçã­o motora.

A família lançou campanha pelas redes sociais e conseguiu arrecadar R$ 160 mil para levar Luiza para um tratamento com células-tronco no México.

Todo o progresso obtido, gravado em vídeos e detalhado em relatórios minuciosos, estava no HD do notebook furtado. O material também pode ser útil para a identifica­ção da doença, ainda desconheci­da.

“Sem esse histórico ficava difícil acompanhar o desenvolvi­mento dela e fornecer dados para a comunidade científica encontrar o diagnóstic­o. Quando vimos que ele tinha sido levado, entramos em desespero”, escreveram Karis e o marido, o bibliotecá­rio Marcos Bertuzo, no texto divulgado na internet.

Luiza ainda sofre distúrbios de linguagem, mas já anda de bicicleta, patinete, dança e brinca. Dentro de casa, conta a família, ela é autônoma.

Na publicação, os pais até se dispuseram a pagar pelo resgate do HD e dos cartões de memória. “Ele pode nos ajudar a salvar a vida da Luiza”, diziam.

Surpresa. Quando a campainha soou, quase à meia-noite de anteontem, Karis foi à porta da casa sem imaginar o que seria. “Quando estávamos em campa- nha pela Luiza, era gente que chegava de dia e de noite, então pensei que fosse algum amigo ou parente”, disse.

“Quando vi a pessoa estendendo o notebook, falei: ‘não acredito’, e dei um abraço nela. Só entendi que podia ser o ladrão quando ele me disse: ‘pega e entra’”, descreveu.

Segundo ela, Marcos correu para checar se nada havia sido apagado. “Felizmente, estava tudo lá. Não foi mexido.” O casal, agora, nem se importa em recuperar a TV e a máquina fotográfic­a, além de outros objetos levados no crime. “O que era essencial foi recuperado. Só temos de agradecer”, diz Karis.

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KARIS BERTUZO HD. Família guarda registro do tratamento de Luiza

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