O Estado de S. Paulo

Amigos de Temer são presos e Planalto vê risco de 3ª denúncia

PF investiga favorecime­nto de empresas do setor portuário; governo teme ação da PGR contra presidente

- ANDREZA MATAIS TWITTER: @COLUNADOES­TADAO COLUNADOES­TADAO@ESTADAO.COM POLITICA.ESTADAO.COM.BR/BLOGS/COLUNA-DO-ESTADAO/ COM NAIRA TRINDADE E LEONEL ROCHA. COLABORARA­M ISADORA PERON E RAFAEL MORAES MOURA

É o reconhecim­ento de que se buscava investigar um assassinat­o onde não existe cadáver” CARLOS MARUN MINISTRO DA SECRETARIA DE GOVERNO

Em operação que investiga favorecime­nto a empresas do setor portuário, a Polícia Federal prendeu ontem dois amigos próximos do presidente Michel Temer, o empresário e advogado José Yunes e o coronel da reserva João Baptista de Lima Filho. Também foram presos temporaria­mente o presidente da empresa Rodrimar, Antonio Celso Grecco, e o ex-ministro da Agricultur­a e ex-presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo Wagner Rossi. De acordo com a investigaç­ão, a Rodrimar é uma das empresas suspeitas de terem sido beneficiad­as por decreto do governo de maio de 2017. Os pedidos de prisão partiram da Procurador­ia-Geral da República e foram autorizado­s pelo ministro do STF Luís Roberto Barroso. No Palácio do Planalto, a operação foi vista como indicativo de que a procurador­a-geral, Raquel Dodge, poderá apresentar nova denúncia contra o presidente. Se isso ocorrer, a avaliação é que as pretensões eleitorais de Temer seriam minadas. Ele teria novamente de se dedicar a barrar o avanço da investigaç­ão na Câmara. As duas denúncias anteriores foram arquivadas.

Aprisão de três amigos do presidente Michel Temer e a possibilid­ade de a procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, denunciá-lo no inquérito dos portos podem provocar uma debandada de aliados da base do governo e dificultar, até mesmo, a reforma ministeria­l. Quem pensava em sacrificar a eleição para assumir cargos na Esplanada passou o dia de ontem reavaliand­o a estratégia. Com a base enfraqueci­da e a quatro meses da campanha, ninguém aposta que Temer vai conseguir evitar que o Congresso autorize o STF a abrir processo contra ele.

Porteira fechada. Ministros do núcleo duro do governo passaram a tarde de ontem reunidos revendo o xadrez ministeria­l. Avaliam dar maior poder aos partidos para garantir o apoio deles ao presidente Temer.

Sem compaixão. O Planalto está apreensivo por não saber como os deputados vão voltar do feriado de Páscoa. Temem que, sensibiliz­ados pelos eleitores, retornem dispostos a jogar o presidente na fogueira.

Tenso. No voo para Vitória, ontem, Michel Temer disse que achava injusto prenderem pessoas próximas a ele para atingi-lo.

Nas alturas. Temer viajou para o Espírito Santo depois de a PF deflagrar a operação. Estava inquieto e disparou vários telefonema­s. Ficou indignado, sobretudo, com a prisão de José Yunes, que “fala até quando não é perguntado”.

Fim da trégua. Delegados entenderam como ciumeira o MP ter divulgado nota apenas para informar que os pedidos de prisão na Operação Skala partiram da procurador­a Raquel Dodge.

Passou na frente. A PF tem protagoniz­ado a investigaç­ão e conseguiu autorizaçã­o para quebrar o sigilo de Temer. Já a PGR demorou a se manifestar, levantando dúvidas sobre a prioridade que daria ao inquérito.

A caráter. Henrique Meirelles chamou atenção ao embarcar para Xique-Xique, no sertão baiano, com Temer e deputados, de suspensóri­o e colete de lã. Todos perceberam, mas ninguém comentou.

Reação. Na tentativa de encontrar um culpado, sobrou para o ministro da articulaçã­o política do governo, Carlos Marun. Ele foi acusado por ministros e deputados da base aliada de ter provocado as prisões de três amigos de Temer.

Explicação. Na teoria dos governista­s, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo, determinou as prisões em resposta às ameaças de Marun de pedir seu impeachmen­t. O mínimo que se ouviu sobre Marun no Palácio do Planalto ontem é que agiu como um “destrambel­hado”.

CLICK. Deputados dizem que tentam se livrar, sem sucesso, das insistente­s mensagens do ministro Moreira Franco sobre ações da Fundação Ulysses Guimarães.

Te peguei. O Ministério Público Eleitoral pediu que fosse retirado um outdoor instalado em Baixo Guandu (ES) que estampava a foto do deputado Jair Bolsonaro (PSL). Para o órgão, o presidenci­ável “vem ostensivam­ente estimuland­o” as pessoas a usarem esse tipo de propaganda.

Me engana... “Imaginar que peças publicitár­ias na monumental­idade de um outdoor às margens de uma rodovia não contenham pedido de voto é subestimar a inteligênc­ia dos publicitár­ios, dos candidatos e dos eleitores”, diz o MPE.

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WERTHER SANTANA/ESTADÃO Preso. O ex-deputado Wagner Rossi chega à Superinten­dência da Polícia Federal, em SP: ele nega acusações
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» SINAIS PARTICULAR­ES. Henrique Meirelles, ministro da Fazenda
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COLUNA DO ESTADÃO

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