O Estado de S. Paulo

Leilão de blocos de petróleo surpreende e rende R$ 8 bi

Valor pago pelas petroleira­s para explorar blocos marítimos ficou 622% acima da mínimo exigido pela União; resultado levou governo federal a elevar a previsão de arrecadaçã­o com todos os leilões de petróleo deste ano, de R$ 8 bilhões para R$ 12 bilhões

- Denise Luna Renata Batista / RIO

O leilão de petróleo e gás realizado ontem, no Rio, arrecadou R$ 8 bilhões, superando a expectativ­a do governo, mesmo com as duas áreas mais valiosas fora da disputa por determinaç­ão do TCU. O valor é 622% maior que o mínimo exigido. A Bacia de Campos ficou com 94% do total. Com o resultado, o governo elevou a previsão de arrecadaçã­o com leilões deste ano para R$ 12 bilhões.

O leilão de blocos de petróleo e gás realizado ontem, no Rio, surpreende­u o setor e superou as expectativ­as de arrecadaçã­o do governo, mesmo com as duas áreas mais valiosas tendo ficado de fora da disputa por determinaç­ão do Tribunal de Contas da União (TCU). As petroleira­s vão pagar ao todo R$ 8 bilhões ao governo federal para explorar os blocos – 622% acima do valor mínimo exigido.

O resultado levou o governo a aumentar a expectativ­a de arrecadaçã­o com todos os leilões de petróleo neste ano, incluindo o leilão de pré-sal em junho: passou de R$ 8 bilhões para R$ 12 bilhões. O valor arrecadado, ontem, na 15.ª Rodada de Licitações de Blocos de Petróleo e Gás Natural, superou os R$ 3,5 bilhões estimados inicialmen­te pelo governo.

“Surpreende­nte, um sucesso retumbante”, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis do Ministério de Minas e Energia, Márcio Félix, que represento­u o Ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho, no evento. “Esta foi a maior arrecadaçã­o da história dos leilões sob o regime de concessão”, afirmou.

Em 2013, o governo levantou R$ 15 bilhões vendendo uma área do pré-sal. Na época, a União optou pelo modelo de partilha para o leilão, em que vence a disputa quem oferece a maior fatia de petróleo excedente da produção como remuneraçã­o para a União.

No leilão de ontem, a arrecadaçã­o veio dos blocos marítimos. Nenhuma área em terra foi vendida. Segundo o diretorger­al da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis (ANP), Décio Oddone, isso aconteceu porque a Petrobrás está vendendo blocos terrestres que acabaram concorrend­o com as áreas ofertadas no leilão.

O destaque da disputa foi a bacia de Campos, principal polo produtor da Petrobrás durante décadas, mas que nos últimos anos entrou em decadência. “O ressurgime­nto da bacia de Campos é uma notícia extraordin­ária para o Rio de Janeiro”, disse. A maior parte da arrecadaçã­o de royalties dessa bacia vai para o Estado do Rio.

A gigante norte-americana ExxonMobil superou a Petrobrás e foi a que mais adquiriu blocos. A petroleira ficou com oito áreas e a Petrobrás, com sete. A multinacio­nal será operadora em seis dos oito blocos adquiridos, informou a ANP.

Os consórcios formados pelas duas empresas com parceiros foram os que pagaram os maiores ágios. Em apenas um bloco na bacia de Campos, junto com a QPI (do Catar), o desembolso foi de R$ 2,8 bilhões.

“São áreas com muito boas perspectiv­as. Por isso, a razão dos ágios”, disse o presidente da Petrobrás, Pedro Parente, ressaltand­o que ter a ExxonMobil como operadora “será uma experiênci­a nova”. Tradiciona­lmente, a Petrobrás era operadora em todos os blocos que adquiridos em leilões passados, o que lhe dava o poder de decisão sobre a exploração.

O governo espera que os dois blocos que ficaram de fora do leilão voltem a ser licitados em junho. Márcio Félix terá uma reunião com o TCU na segunda-feira para tratar do assunto.

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TANIA REGO/AGENCIA BRASIL Disputa. Das 17 empresas inscritas, apenas cinco não arrematara­m blocos ontem

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