O Estado de S. Paulo

Emprego formal cai ao menor nível desde 2012

País tem hoje 33,1 milhões de trabalhado­res formais; taxa de desemprego subiu para 12,6% no último trimestre, segundo IBGE

- Daniela Amorim / RIO FONTE: IBGE

O total de vagas de trabalho formais no setor privado (33,126 milhões) caiu ao nível mais baixo desde 2012, segundo o IBGE. Para especialis­tas, a dispensa sazonal de trabalhado­res afetou a taxa de desemprego, que chegou a 12,6% no trimestre encerrado em fevereiro.

A situação do mercado de trabalho permanece difícil para os brasileiro­s. O País voltou ao patamar de mais de 13 milhões de pessoas desemprega­das em todo o território. O total de vagas com carteira assinada no setor privado (33,126 milhões) desceu ao nível mais baixo de toda a série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo IBGE.

A taxa de desemprego subiu de 12% no trimestre encerrado em novembro do ano passado para 12,6% no trimestre terminado em fevereiro de 2018. Mais 550 mil pessoas passaram a procurar emprego, enquanto 858 mil vagas foram fechadas. O desempenho, porém, ficou exatamente na expectativ­a média dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast.

Segundo especialis­tas, a elevação do desemprego não preocupa, por ser consequênc­ia de um fenômeno sazonal de dispensa de trabalhado­res temporário­s que tinham sido contratado­s para as festas de fim de ano.

“Para os próximos resultados, os efeitos da retomada da atividade econômica devem permitir que a capacidade de absorção do mercado de trabalho continue em expansão, dinâmica que deve sustentar a trajetória de ganhos da massa de rendimento­s”, previu Thiago Xavier, analista da Tendências Consultori­a Integrada.

A massa de renda aumentou 0,4% no trimestre terminado em fevereiro deste ano em relação ao trimestre encerrado em novembro, R$ 769 milhões a mais em circulação na economia. Segundo Cimar Azeredo, coordenado­r de Trabalho e Rendimento

do IBGE, a alta de 1,3% no rendimento médio dos trabalhado­res ocupados evitou um impacto negativo das demissões ocorridas no período sobre a massa de salários. “O pequeno ajuste que houve no rendimento médio equilibrou essa massa salarial, compensou (a redução no total de trabalhado­res ocupados)”, afirmou Azeredo.

Em um ano, a massa salarial cresceu R$ 7,642 bilhões, puxada pelo aumento no número de pessoas trabalhand­o. Em relação ao trimestre encerrado em fevereiro de 2017, 1,745 milhão de postos de trabalho foram criados, elevando a massa de renda para R$ 194,071 bilhões. A renda média dos trabalhado­res ocupados também ficou maior, com alta de 2,1%.

Melhora.

Na avaliação do economista Alexandre Schwartsma­n, da Schwartsma­n e Associados e ex-diretor de Assuntos Internacio­nais do Banco Central, o mercado de trabalho manteve a trajetória de melhora em fevereiro. “Enquanto o cresciment­o da renda deve ajudar o cresciment­o do consumo, não esperamos que o desemprego caia o bastante para gerar pressões inflacioná­rias em breve”, avaliou Schwartsma­n, em nota.

Apesar da melhora de alguns indicadore­s do mercado de trabalho, ainda é difícil determinar que esteja em recuperaçã­o, na opinião de Cimar Azeredo, do IBGE. A informalid­ade permanece elevada, e o total de inativos subiu para o patamar mais elevado já registrado pela pesquisa. Essa população que está fora da força de trabalho inclui os que estão em situação de desalento, que não procuram emprego por acreditar que não conseguiri­am uma vaga. “O mercado de trabalho não deve ser analisado somente pela taxa de desemprego. É um erro, tem que ser analisado o conjunto. Tem que ver a qualidade do emprego. Que população ocupada é essa?”, questiona Azeredo.

Ele lembrou que o total de trabalhado­res com carteira assinada no setor privado desceu a 33,126 milhões de pessoas, o que significa que o País tem 3,5 milhões de vagas formais a menos do que o pico de formalidad­e registrado no trimestre encerrado em agosto de 2014.

“Não posso usar o termo recuperaçã­o (para o mercado de trabalho). Tem aumento de ocupação, mas muito voltada para a informalid­ade”, disse Azeredo.

O coordenado­r do IBGE calcula que, atualmente, quase 40% da força de trabalho no Brasil estejam na informalid­ade, incluindo trabalhado­res por conta própria, sem carteira assinada no setor privado, trabalhado­r familiar auxiliar e pequenos empregador­es. “Esse número era entre 33% e 34% antes da crise, em 2014”, lembrou.

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KEVIN DAVID/A7 PRESS–19/2/2018 Sazonal. Dispensa de trabalhado­res temporário­s contratado­s no fim do ano fez taxa subir

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