‘A ARMA É A GARANTIA DA NOSSA LIBERDADE’
Com apoiadores em Curitiba, Bolsonaro reforçou tom bélico em discurso
Diante de cerca de 2 mil apoiadores, vários deles fardados e armados, o deputado Jair Bolsonaro (PSL-RJ), pré-candidato à Presidência, fez mais uma vez apologia ao uso de armamento de fogo, inclusive por civis. “Da próxima vez quero ver 200 pessoas armadas aqui dentro”, disse ele, sob aplausos, ao participar de um almoço de adesão em um restaurante tradicional de Curitiba.
“A arma, mais que a defesa da vida, é a garantia da nossa liberdade”, justificou ele, que ganhou uma espada, acompanhado dos deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) e Fernando Francischini (PSL-PR), além do ator Alexandre Frota – que o pré-candidato negou ser seu nome para o Ministério da Cultura, caso seja eleito.
Durante o evento, no qual cada um pagou R$ 45 para participar, o presidenciável recebeu de presente um boneco com sua imagem, com faixa presidencial e fuzil nas mãos.
Eduardo Bolsonaro reforçou o tom bélico. “Presidente tem que meter bala em vagabundo e não formar quadrilha com eles”, disse.
Sentado na primeira mesa em frente ao palco, com duas armas na cintura, camisa camuflada e boina do exército, delegado aposentado Mário Sérgio Bradock aplaudia. “É inerente do ser humano andar armado. Se alguém está armado eu tenho que estar também. Tem que nivelar”, disse. “Se vier um cara de dois metros de altura me atacar, eu, que sou baixinho, vou me defender como?”, questionou ao Estado.
A declaração de Bolsonaro foi dada dois dias depois de os ônibus da comitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terem sido atingidos por disparos durante a caravana que o petista fez pelo Sul do País, que durou cerca de dez dias e terminou ontem, em Curitiba. Durante o ato de encerramento, os pré-candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Manuela D'Ávila (PCdoB) responsabilizaram Bolsonaro por incitar atos violentos, como o atentado à comitiva de Lula. Em seu discurso, Boulos disse que Bolsonaro está “semeando o fascismo no Brasil”.
À reportagem, o pré-candidato do PSL voltou a afirmar que os disparos contra os ônibus que faziam parte da caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram simulados pelos próprios petistas. “Isso aí foi uma armação deles. Tentaram se vitimizar e botar a culpa do seu insucesso nos outros”, disse.
Questionado se essa não seria uma declaração precipitada, uma vez que a polícia ainda não divulgou resultado da perícia nos veículos, afirmou: “Nada a ver. É minha convicção. Eu suspeito disso. Posso estar errado”.