Sarkozy vai a julgamento por corrupção
Ex-presidente é acusado de ter usado influência para obter detalhes de um inquérito sobre sua campanha de 2007
O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy será julgado por corrupção e tráfico de influência, segundo o jornal Le Monde. Ele é acusado de tentar obter, em 2014, de forma ilegal, detalhes de um inquérito sobre irregularidades em sua campanha eleitoral de 2007 com Gilbert Azibert – na época procurador na Corte de Cassação.
Além do ex-presidente, também sentarão no banco dos réus, conforme solicitação feita em outubro pela Promotoria Nacional Financeira, o advogado dele, Thierry Herzog, e o exprocurador Azibert.
O caso teve início depois que investigadores usaram grampos telefônicos para investigar alegações de que o ex-líder líbio Muamar Kadafi – morto em 2011 – teria financiado a campanha de Sarkozy.
Pelas conversas, eles começaram a suspeitar que o ex-presidente estaria acompanhando um outro caso por meio de uma rede de informantes e deduziram que Sarkozy tentava obter, por meio de Azibert, informações secretas sobre um escândalo que envolvia Liliane Bettencourt, herdeira do império de cosméticos L’Oréal. A bilionária teria financiado ilegalmente sua campanha de 2012.
Escutas. Algumas das conversas foram divulgadas à imprensa e davam a entender que o expresidente estava disposto a ajudar o juiz a conseguir um cargo em troca das informações sobre o caso Bettencourt.
Em março de 2016, a Justiça validou quase todas as escutas do ex-presidente, mas diversos recursos atrasaram o andamento do processo e a decisão final foi publicada apenas ontem.
O advogado de Sarkozy disse que ele recorrerá da decisão. O ex-presidente ainda tem um julgamento pendente pelo financiamento irregular de sua campanha eleitoral de 2012. A investigação foi aberta em 2014, depois que a imprensa revelou que ele superara o limite máximo de despesa permitido durante uma campanha eleitoral, que é de ¤ 22,5 milhões.
Para isso, segundo a acusação, ele recorreu aos serviços da empresa de comunicação Bygmalion, que emitiu faturas falsas para ocultar os altos custos dos atos eleitorais e das viagens.