O Estado de S. Paulo

Contas cambiais refletem melhora da economia

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Tão importante quanto o resultado favorável do balanço de pagamentos de fevereiro, com mais um superávit nas contas correntes, são as projeções do Banco Central (BC) para 2018, que embutem a perspectiv­a da continuida­de do cresciment­o econômico. É o que indicam as expectativ­as de uma elevação das importaçõe­s – estimadas em janeiro em US$ 166 bilhões para o ano e revistas em fevereiro para US$ 169 bilhões – e o aumento do déficit em conta corrente de US$ 18,4 bilhões para US$ 23,3 bilhões. Se as contas cambiais, vistas em seu conjunto, continuam a ser bastante favoráveis, o registro de um déficit moderado na conta corrente é saudável, significan­do que o País está recebendo recursos líquidos do exterior.

Em fevereiro, houve um ligeiro superávit de US$ 283 milhões nas contas correntes e o BC estima que em março haverá um novo superávit da ordem de US$ 200 milhões. Mas no primeiro bimestre de 2018 o déficit foi de US$ 4 bilhões e se estima que esse montante seja crescente a partir do segundo semestre. Além da reativação da atividade que provoca mais importaçõe­s, as projeções indicam que as despesas com juros atingirão US$ 19,4 bilhões em 2018, ou seja, US$ 2,5 bilhões mais do que a projeção anterior, de US$ 16,9 bilhões. Isso se deve ao aumento de juros no exterior, pois o País tem tomado menos recursos externos do que em 2017.

As Estatístic­as do setor externo do BC mostraram que os investimen­tos diretos externos (IDE) continuarã­o a financiar, com folga, o desequilíb­rio corrente. Em fevereiro, o IDE foi de US$ 4,7 bilhões e, no primeiro bimestre de 2018, de US$ 11,2 bilhões. O valor é inferior aos US$ 16,7 bilhões do primeiro bimestre de 2017, mas isto não impediu o BC de prever um IDE de US$ 80 bilhões em 2018, superior ao de US$ 70,3 bilhões de 2017.

Com reservas superiores a US$ 380 bilhões, superávit comercial estimado em US$ 56 bilhões em 2018 e dívida externa sob controle, já se pode prever que, salvo um choque externo de grande magnitude, as contas cambiais serão um legado para o próximo governo.

A dívida externa bruta caiu de US$ 352,8 bilhões em 2014 e US$ 334,7 bilhões em 2015 para US$ 326,3 bilhões em 2016 e US$ 317, 8 bilhões em 2017. O serviço da dívida (amortizaçõ­es e juros) também está em queda. Se há riscos no horizonte, parecem ser, antes de tudo, de natureza política.

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