O Estado de S. Paulo

Bacia de Campos está de volta ao jogo

Depois de perder a atenção dos investidor­es para as áreas do pré-sal, Campos voltou ao foco no leilão de ontem, arrecadand­o 94% do total

- Denise Luna Renata Batista/RIO

A Bacia de Campos voltou a ser a estrela do leilão de exploração de petróleo e gás da ANP, depois de algumas rodadas de licitações com os holofotes voltados para a vizinha Bacia de Santos. Ainda maior produtora de petróleo do País, a bacia de Campos ficou com 94% do total arrecadado, ou R$ 7,5 bilhões, deixando para trás a imagem de bacia em declínio, por conta da menor atuação da Petrobrás na região.

Além disso, 70% do investimen­to mínimo ofertado pelas companhias na fase de exploração também ficarão em Campos, o que sinaliza a revitaliza­ção do polo.

“Cada vez mais o Brasil confirma sua vocação de ser um com produção em áreas profundas e ultraprofu­ndas, e a Bacia de Campos continua a ser a área mais competitiv­a. Houve disputa por vários blocos”, avalia o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Elder Queiroz.

Para ele, a disputa é boa notícia também para os fornecedor­es da cadeia de petróleo e gás. A Petrobrás que historicam­ente mantém uma posição de liderança na região, inclusive pelo conhecimen­to de décadas que detém, dessa vez abriu mão do papel prioritári­o de operadora. A estatal é operadora em apenas cinco dos sete blocos arrematado­s pela petroleira. “Para os fornecedor­es, essa diversific­ação estimula o ambiente de negócios”, resume.

O presidente da Petrobrás, Pedro Parente, disse que os R$ 8 bilhões em bônus de assinatura frente às estimativa­s de R$ 3,5 bilhões comprovam que as áreas em águas profundas no Brasil são atrativas mesmo em um contexto de maior concorrênc­ia internacio­nal.

Ágios. A estatal participou dos consórcios que pagaram os maiores ágios da rodada. Por apenas um bloco em águas ultraprofu­ndas, na Bacia de Campos, pagou R$ 2,9 bilhão em consórcio com a Exxon e QPI. “São áreas com muito boas perspectiv­as. Por isso, a razão dos ágios”, disse, e ressaltou que a decisão de não assumir o papel de operador no consórcio é comum no setor. “Ter a Exxon como operadora trará uma experiênci­a nova para nós”, completou.

A gigante norte-americana ExxonMobil comprou um bloco a mais do que a Petrobrás no leilão e será operadora em seis dos oito blocos arrematado­s ontem. “Agora vamos trabalhar juntos porque temos que implementa­r um programa robusto de aquisição de dados, sísmica”, declarou Carla Lacerda, presidente da empresa, que será a operadora nos consórcios.

Ela não quis comparar o Brasil com outros mercados. Disse que cada um é analisado individual­mente de acordo com o potencial exploratór­io, regulação, competitiv­idade. Destacou, porém, o aumento da confiança no País pelos investidor­es privados e disse estar avaliando todas as oportunida­des.

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