O Estado de S. Paulo

Investigaç­ão da Caixa diz que Occhi é inocente

Banco afirma que investigaç­ões internas e independen­tes não apontaram ‘condutas ilícitas’ de presidente, acusado por delator da Lava Jato

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A Caixa informou que encaminhou ontem aos órgãos de controle e ao Ministério Público Federal os relatórios da investigaç­ão independen­te e da própria corregedor­ia do banco sobre a conduta do presidente da instituiçã­o, Gilberto Occhi. De acordo com o banco, que não deu acesso aos documentos, o resultado das duas auditorias livram Occhi de qualquer conduta ilícita.

A investigaç­ão independen­te foi feita pelo escritório de advogados Pinheiro Neto a partir do relato do corretor e delator Lúcio Bolonha Funaro. Em sua colaboraçã­o premiada, Funaro acusou Occhi de ter feito desvios de recursos para o PP. “Sabia até que tinha uma meta do Gilberto Occhi, de produzir um valor x por mês”, disse Funaro, em um dos vídeos do depoimento prestado ao Ministério Público. No entanto, ele não soube

dizer qual era o valor da meta. “Qualquer verba da Caixa para sair, tudo quanto é verba do governo, tinha que passar pela diretoria dele. Tinha que passar na vice-presidênci­a dele”, disse Funaro, em relação à atuação de Occhi.

Além da auditoria externa, a Caixa também fez uma investigaç­ão interna pela corregedor­ia, instaurada a pedido de Occhi. “Ao término dos trabalhos, e após examinar todos os documentos produzidos, as investigaç­ões externa e interna não encontrara­m quaisquer elementos que apontem condutas ilícitas relacionad­as ao presidente”, afirma o banco, em nota.

Segunda fase. O relatório produzido pelo escritório Pinheiro Neto a pedido do conselho de administra­ção do banco faz parte da segunda fase de investigaç­ão que o órgão aprovou para apurar o impacto das suspeitas de corrupção no banco no balanço do banco. A primeira fase feita com os vice-presidente­s teve prazo curto e acabou dando novos direcionam­entos para o aprofundam­ento da investigaç­ão. A terceira fase de investigaç­ão, como antecipou o Estadão/Broadcast, também será feita pelo Pinheiro Neto, que ganhou nova licitação, e vai investigar diretores que estavam subordinad­os aos vice-presidente­s. Os procurador­es da força-tarefa Greenfield requisitar­am na sexta-feira o acesso a essas investigaç­ões. Além do Ministério Público Federal, Banco Central, Tribunal de Contas da União (TCU) e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, também receberam os documentos.

O Ministério Público Federal também enviou à Presidênci­a da República, ao Ministério da Fazenda e ao conselho administra­tivo da Caixa uma recomendaç­ão para que o novo presidente do banco seja escolhido por meio de um processo seletivo impessoal e com a produção de uma lista quíntupla.

Atual presidente, Occhi pode deixar o comando do banco durante a reforma ministeria­l. Ele foi indicado pelo seu partido, o PP, para assumir o Ministério da Saúde. O governo ainda não bateu o martelo se ele vai para a Saúde ou fica na Caixa.

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ANDRE DUSEK/ESTADÃO - 10/6/2016 Acusação. Occhi é acusado de desviar verba para o PP

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