O Estado de S. Paulo

Projeto quer o fim de taxa extra na conta de luz

Para deputado autor da proposta, cobrança não inibe consumo, só aumenta arrecadaçã­o

- Igor Gadelha/ BRASÍLIA COLABOROU ANDRÉ BORGES /

Um projeto que deve ser apresentad­o na semana que vem na Câmara dos Deputados prevê o fim taxa extra na conta de luz, com a suspensão do regime de bandeiras tarifárias, em vigor desde 2015. O projeto é do deputado Eduardo da Fonte (PP-PE), Presidente da CPI (Comissão Parlamenta­r de Inquérito) da Conta de Luz na Câmara em 2009.

A proposta terá como base o parecer do Tribunal de Contas da União (TCU) que concluiu que a inclusão das bandeiras, que aumentam o preço da energia conforme a falta de chuvas, não tem cumprido sua missão de inibir o consumo, mas sim contribuíd­o para aumentar a arrecadaçã­o do setor.

O sistema de bandeiras tarifárias foi criado para sinalizar aos consumidor­es o custo da produção de energia no País. O objetivo é permitir que os consumidor­es adotem medidas de economia para evitar que suas contas de luz fiquem mais caras nos momentos em que esse custo está em alta.

Com a estiagem, o sistema elétrico fica dependente de usinas térmicas, que geram energia mais cara, pois funcionam por meio da queima de combustíve­is. “Vamos pedir para sustar as bandeiras imediatame­nte e entrar com pedido de ressarcime­nto ao prejuízo constatado pelo acórdão”, disse Fonte ao

Estadão/Broadcast.

O prejuízo a que ele se refere é o valor de R$ 18,9 bilhões que, segundo o TCU, foram pagos pelos consumidor­es brasileiro­s durante os 17 meses de adoção da bandeira tarifária vermelha, a que tem o valor mais alto, desde janeiro de 2015, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) instituiu esse regime.

Mobilizaçã­o. Para derrubar as bandeiras tarifárias, o projeto precisa ser aprovado pela Câmara e no Senado com votos da maioria dos presentes. A inclusão da proposta na pauta do plenário, porém, depende dos presidente­s das duas casas, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Eunício Oliveira (MDB-CE). “Vamos fazer uma mobilizaçã­o das entidades de defesa do consumidor. Acho que o Rodrigo não vai se opor a isso”, afirmou Fonte. Ele acredita que, em ano eleitoral, o projeto de decreto tem mais chances de ser aprovado. “Esse ano, quem vai votar contra isso?”

No acórdão, o TCU afirma que as bandeiras tarifárias são “um mecanismo de arrecadaçã­o de recursos que visa fazer frente a importante­s obrigações financeira­s de curto prazo que recaem sobre o fluxo de caixa das distribuid­oras”. A hipótese já tinha sido levantada pela área técnica do tribunal no ano passado. Pelas regras atuais, há quatro bandeiras em vigor. Na verde, não há taxa extra. A amarela custa R$ 2 para cada 100 quilowatts (kWh) consumidos, valor que sobe para R$ 3 na bandeira vermelha “patamar 1” e para R$ 5 na vermelha “patamar 2”.

O TCU deu prazo de 180 dias para que o Ministério de Minas e Energia e a Aneel façam um “realinhame­nto” das bandeiras aos “reais objetivos almejados” com a cobrança extra. Também deu prazo de 30 dias para que a Aneel, em articulaçã­o com o Operador Nacional do Sistema (ONS) e a Câmara de Comerciali­zação de Energia Elétrica (CCEE), publique relatórios mensais com informaçõe­s detalhadas sobre as bandeiras.

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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO–29/8/2017 Sinal. Bandeira foi criada para indicar o custo da energia

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