Filme de bispo vende 4 milhões de ingressos
Apesar de ser o maior lançamento nacional em número de salas, ‘Nada a Perder’, longa sobre Edir Macedo, teve sessões pouco disputadas ontem
Apesar do anúncio de 4 milhões de ingressos vendidos antecipadamente para Nada a Perder, de Alexandre Avancini, cinebiografia do bispo Edir Macedo, as sessões de cinema que foram visitadas pela reportagem do Estado não estavam cheias.
No Espaço Itaú de Cinema da Pompeia, no shopping Bourbon, o filme foi exibido em 14 sessões espalhadas por três salas. Porém os postos de venda exibiam como ocupados assentos que na verdade estavam vagos. Na sessão das 18h, na sala 7, a única opção disponível era a primeira fileira, mas durante a exibição do longa havia apenas um espectador na segunda fileira, dois na terceira e pouco menos da metade das poltronas ficaram vazias.
Já no Cinemark do Central Plaza Shopping, a lotação foi ainda menor. Após o início da exibição do filme, apenas cerca de 10% dos ingressos para a sessão das 20h20, na sala 1, e somente quatro poltronas estavam indisponíveis para compra na sessão das 20h40, na sala 8.
No Cine Marabá, na sala 5, a reportagem contou 11 pessoas na sessão das 18h e na sala de espera o movimento era bem pequeno.
O filme ultrapassa Os Dez Mandamentos, outro trabalho de Avancini, que levava para a tela grande a novela homônima da TV Record. Na época, a adaptação vendeu 2,3 milhões de ingressos antes da estreia, em 2016. No período em circuito, Os Dez Mandamentos se tornou a maior bilheteria do cinema nacional, com 11,3 milhões de ingressos vendidos.
Nada a Perder, além de ter uma estreia já maior, leva a vantagem de ter alcance mais amplo que Os Dez Mandamentos. São 1.108 salas pelo País (1/3 da quantidade disponível no Brasil) e um número pouco maior do que a estreia do filme derivado da emissora do bispo, que estreou em 1.099 telas.
Em números, Os Dez Mandamentos ultrapassou Tropa de Elite 2 e ficou no topo em 200 mil ingressos vendidos. A questão levantada, na época, apurada pelo Estado, era o relato de que sessões inteiras de Os Dez Mandamentos estavam vazias e que funcionários da Universal compravam os ingressos para distribuir aos frequentadores da igreja e, também, para estabelecer novo recorde de bilheteria.
Na época, a Igreja Universal negou tais possibilidades, assim como o faz agora. Em um comunicado à imprensa pelo seu site, o texto acusa a “mídia” de “apelar” para as “fake news” para responder às questões sobre as salas esvaziadas, mesmo com ingressos esgotados, como ocorreu no filme anterior.