O Estado de S. Paulo

PF acha papéis com citação a Temer na Rodrimar

Documentos estavam na sede da Rodrimar; em depoimento, presidente da empresa afirma que pediu ajuda sobre tema da área portuária

- Fausto Macedo Julia Affonso / COLABOROU BRENO PIRES E FELIPE FRAZÃO

A Polícia Federal apreendeu na sede da Rodrimar, em Santos, folhas de papel com citação ao presidente Michel Temer e à Argeplan, controlada pelo coronel reformado José Baptista Lima Filho. A Rodrimar foi um dos alvos da Operação Skala, que apura supostos benefícios à empresa na edição do Decreto dos Portos. O Planalto disse em nota que Temer é vítima de uma trama para impedir sua candidatur­a à reeleição.

A Polícia Federal (PF) apreendeu na sede da Rodrimar, em Santos, folhas de papel com citação ao presidente Michel Temer e à Argeplan, controlada pelo coronel reformado da PM José Baptista Lima Filho. A Rodrimar foi um dos alvos das buscas da Operação Skala, deflagrada anteontem pela PF por ordem do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O dono da empresa, Antônio Celso Grecco, e o coronel Lima foram presos.

A Skala investiga supostos benefícios à Rodrimar na edição do Decreto dos Portos. O presidente é um dos alvos do inquérito. Na tarde de ontem, Temer se encontrou no Palácio da Alvorada, em Brasília, com seu advogado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira (leia abaixo).

Os papéis com as citações sobre a Argeplan e Temer foram apreendido­s no 4.º e no 5.º andar do prédio da empresa, no centro de Santos. O nome do presidente é citado no item 20 da lista de material apreendido. “Uma folha de papel o nome de várias empresas e pessoas físicas, incluindo Michel Temer (encontrada na sala do gerente Willy Maxell, quinto andar).” A mesma lista mostra que o item 7 é “uma folha de papel contendo relação de empresas, entre elas Argeplan Arquitetur­a e Engenharia Ltda”.

Temer e Lima se conheceram nos anos 1980, quando o presidente ocupou pela primeira vez o cargo de secretário da Segurança Pública de São Paulo (1984-1986). Ao autorizar a Operação Skala, Barroso registrou que, para a PF, a Argeplan “tem se capitaliza­do” com recursos de empresas interessad­as na edição do Decreto dos Portos. Conclusão. Segundo Barroso, a PF chegou a essa conclusão por meio da análise dos documentos colhidos tanto no inquérito dos Portos, do qual o ministro é o relator, quanto nos autos de um inquérito que já tramitou no Supremo sobre o setor portuário e hoje se encontra arquivado – Temer havia sido investigad­o nesse caso.

Grecco foi ouvido anteontem pela PF e disse que ouviu do então vice-presidente Temer uma promessa em relação ao embargo de uma obra no porto de Santos de interesse do grupo Rodrimar. “Vou ver o que posso fazer”, teria dito o presidente. Grecco afirmou, no entanto, que até agora “nada foi feito”.

O empresário negou, porém, ter tratado com Temer ou qualquer pessoal relacionad­a a ele, da venda de parte de uma área no porto á empresa Eldorado celulose, de propriedad­e do grupo J&F, dos empresário­s Joesley e Wesley Batista. Ontem, o dono da Rodrimar teve um pedido de habeas corpus negado pela ministra do STF Rosa Weber.

Depois de Mariz deixar a residência oficial, Temer permaneceu reunido com parte da equipe de ministros. Auxiliares avaliam que ele poderá ser alvo de uma terceira denúncia criminal no cargo. Antes, a PGR pode pedir novos depoimento­s na Operação Skala e não descarta ouvir o presidente, segundo uma fonte da Procurador­ia.

A ordem no Planalto é que Temer mantenha a postura de précandida­to à reeleição. Ele deve prestigiar na próxima semana eventos oficias com ministros que se despedem do cargo com a reforma ministeria­l.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO Encontro. O presidente Michel Temer recebeu, ontem, o advogado Antônio Cláudio Mariz, no Palácio da Alvorada

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