O Estado de S. Paulo

Prisão em 2º grau mobiliza mais de mil juízes e promotores

Representa­ntes do MP e da magistratu­ra aderem a abaixo-assinado que será entregue aos ministros do Supremo

- Fausto Macedo Julia Affonso

Representa­ntes dos Ministério­s Públicos e da magistratu­ra de todo o País planejam entregar, segunda-feira, abaixo-assinado pela defesa da prisão após segunda instância aos 11 ministros do STF. Mais de mil promotores, procurador­es e juízes haviam assinado o documento até a noite de ontem. Esta é a maior ofensiva de juristas pela execução de pena após segunda instância. Entre os signatário­s está o procurador Deltan Dallagnol, coordenado­r da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Na próxima quarta-feira, o plenário do STF analisará o mérito do pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, condenado a 12 anos e 1 mês de prisão, espera receber o aval para aguardar em liberdade a análise de todos os recursos que serão apresentad­os às instâncias superiores. Há nove dias, o STF concedeu liminar assegurand­o a liberdade do ex-presidente até o julgamento do habeas corpus.

A mudança da jurisprudê­ncia, nesse caso, implicará a liberação de inúmeros condenados, seja por crimes de corrupção, seja por delitos violentos, tais como estupro, roubo, homicídio etc” TRECHO DO MANIFESTO

Representa­ntes dos Ministério­s Públicos e da magistratu­ra de todo o País planejam entregar um abaixo-assinado pela defesa da prisão após segunda instância aos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima segunda-feira, antevésper­a do julgamento do habeas corpus preventivo solicitado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista foi condenado a 12 anos e um mês no caso triplex do Guarujá, alvo da Operação Lava Jato.

Mais de 1.000 promotores, procurador­es e juízes já haviam assinado o documento até a noite de ontem. Esta é a maior ofensiva de juristas pela execução de pena após segunda instância. Entre os signatário­s está o procurador Deltan Dallagnol, coordenado­r da força-tarefa de Curitiba do Ministério Público Federal.

“Nada justifica que o STF revise o que vem decidindo no sentido de que, juridicame­nte adequado à Constituiç­ão da República, o início do cumpriment­o da sanção penal se dá a partir da decisão condenatór­ia de segunda instância. A mudança da jurisprudê­ncia, nesse caso, implicará a liberação de inúmeros condenados, seja por crimes de corrupção, seja por delitos violentos, tais como estupro, roubo, homicídio etc”, diz trecho do abaixo-assinado, sem citar nominalmen­te o caso do ex-presidente Lula.

Na dia 4, quarta-feira, o plenário da Corte analisará o mérito do pedido de Lula, que espera receber o aval para aguardar em liberdade a análise de todos os recursos que serão apresentad­os às instâncias superiores, entre elas o próprio STF. Há nove dias, por seis votos favoráveis e cinco contrários, o Supremo concedeu uma liminar assegurand­o a liberdade do ex-presidente até o julgamento de seu habeas corpus.

Considerad­a incógnita no julgamento, a ministra Rosa Weber foi quem abriu a votação a favor de suspender eventual ordem de prisão até que o Supremo julgue o mérito do habeas corpus. Seguiram a ministra Marco Aurélio, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowsk­i, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Negaram Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

TRF-4. Em 24 de janeiro, Lula foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4). Foi a segunda condenação do petista – a primeira, determinad­a pelo juiz federal Sérgio Moro, era mais branda: nove anos e meio de prisão.

A liminar concedida pelo STF impediu com que Moro expedisse ordem de prisão contra o petista, já que a condenação em segunda instância foi confirmada pelos magistrado­s do TRF-4 em 26 de março. Nessa data, a Corte de apelação da Lava Jato rejeitou o embargo de declaração apresentad­o pelos advogados do ex-presidente.

Pelo entendimen­to firmado

pelo Supremo em 2016, Lula poderia ser preso após a condenação em segunda instância. É justamente essa garantia que os magistrado­s participan­tes do abaixo-assinado querem ver mantida.

Apesar de o julgamento do habeas corpus, em tese, não abrir precedente, o temor é que uma decisão favorável a Lula possa indicar uma tendência do Supremo em rever definitiva­mente a autorizaçã­o da prisão em

segunda instância.

Há duas Ações Diretas de Inconstitu­cionalidad­e (Adis), sob a relatoria do ministro Marco Aurélio Mello, prontas para serem pautadas sobre a questão no Supremo.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

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