O Estado de S. Paulo

Campanha para eleição presidenci­al começa no México

Pesquisas apontam esquerdist­a Andrés Manuel López Obrador como favorito na disputa, que ocorre em julho

- CIDADE DO MÉXICO

Os três meses de campanha presidenci­al no México começaram oficialmen­te ontem. Dois dos quatro principais candidatos lançaram formalment­e suas campanhas, em meio a uma insatisfaç­ão com o governo do presidente Enrique Peña Nieto, do Partido Revolucion­ário Institucio­nal (PRI), e com a corrupção generaliza­da. O cenário faz do esquerdist­a Andrés Manuel López Obrador favorito, segundo as pesquisas.

As mais recentes sondagens para as eleições de 1.º de julho mostram Obrador à frente dos rivais. Em segundo lugar está Ricardo Anaya, candidato do Partido de Ação Nacional (PAN), dos ex-presidente­s Vicente Fox e Felipe Calderón. Anaya lançou ontem sua campanha na Cidade do México com um discurso para cerca de mil jovens em que apresentou propostas para o combate à corrupção e a violência que assola o país. “O México vai mudar. Esse governo corrupto tem seus dias contados”, disse Anaya, o mais jovem dos quatro candidatos à presidênci­a.

Entre os jovens que acompanhav­am o discurso estava Mónica Vargas, de 22 anos, estudante de literatura de Tlaxcala. Ela disse que apoia Anaya porque ele sabe escutar a juventude. “Como mexicana, sinto-me desapontad­a por ter medo de sair à rua. Nós percebemos o quão ricos nossos funcionári­os públicos se tornaram, enquanto o povo vive o tempo todo atrasado”, afirmou.

Quem também iniciou a campanha ontem foi ex-primeirada­ma Margarita Zavala, que ocupa o quarto lugar nas pesquisas. Ela se lançou como candidata independen­te com um discurso nas ruas centrais da capital mexicana. Obrador, que lidera as sondagens, e o economista José Antonio Meade, do PRI, lançarão suas candidatur­as amanhã.

No ano passado, o México registrou um número recorde de homicídios. Os principais cartéis do país se sofisticar­am e, além do comércio ilegal drogas, faturam com a extorsão, o sequestro, o roubo de combustíve­l e com o tráfico de seres humanos.

Nos últimos meses, escândalos de corrupção atingiram a credibilid­ade de Peña Nieto e respingara­m na imagem de Meade. O PRI governou o México continuame­nte desde 1929, com a exceção de um recesso de 12 anos, quando Fox e Calderón ocuparam a residência de Los Pinos.

Obrador foi prefeito da Cidade do México, de 2000 e 2005, e candidato presidenci­al nas duas últimas eleições, em 2006 e 2012. Após as duas derrotas, abandonou o Partido da Revolução Democrátic­a (PRD), moderou o discurso e fundou o Movimento Regeneraçã­o Nacional (Morena).

Ainda assim, Obrador tem levantado temores entre empresário­s com a promessa de rever contratos de petróleo e gás, além de parar a construção do novo aeroporto da Cidade do México, o maior projeto de infraestru­tura do governo de Peña Nieto.

Vantagens. As eleições de julho serão as maiores da história do México. Além do presidente, mais de 3.300 cargos locais e federais também estarão em jogo, incluindo os 628 assentos da Câmara dos Deputados e do Senado.

Uma outra vantagem de López Obrador é que a lei eleitoral mexicana não prevê segundo turno – vence o candidato mais votado. Assim, um presidente pode ser eleito pela minoria, como foi o caso de Calderón, que venceu as eleições de 2006 com apenas 35% dos votos.

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HENRY ROMERO/REUTERS Dianteira. López Obrador: favorito na eleição de julho

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