O MÁGICO DO MEIO DE CAMPO ALEMÃO
Canhoto tem a precisão de um taco de bilhar
Aperna esquerda tem a precisão de um taco de bilhar ao efetuar os passes, sempre feitos em ângulos diferentes que buscam espaços inéditos dentro de campo. Esta é a principal característica de Mesut Özil, o mágico do meio de campo da seleção da Alemanha.
Titular do time de Joachim Löw desde 2009, Özil esbanja domínio de bola na canhotinha, que usa com maestria para acelerar as jogadas de ataque. Rápido, sempre chega perigosamente na área adversária e gosta de colocar seus companheiros em condição de finalizar. A marcação dura não o intimida e seus arranques são difíceis de ser parados pela zaga.
Tímido e de poucas palavras, Özil destaca o relacionamento com o técnico português José Mourinho, com quem trabalhou no Real Madrid, como um marco em sua carreira.
“Eu o considero (Mourinho) um pai no futebol”, admitiu o jogador alemão. Mas os dois tiveram um início de parceria bem conturbado.
Depois de um jogo, Mourinho disse que Özil era “fraco demais” para encarar divididas. “Você acha que basta dar um ou outro passe bom. Você é fraco demais para lutar por bolas divididas no meio de campo. Você se sente tão bom que acha que é suficiente dar 50% apenas”, provocou o técnico português na ocasião.
Özil se revoltou e teria jogado a camisa no chão do vestiário. “Que diabos você quer”, teria rebatido. O treinador continuou. “Sabe, Mesut? Você é um covarde. Por que você não começa a chorar? Você é um bebê chorão, vá para o banho. Não precisamos de você.”
Mourinho bateu duro no alemão, mas, passado o tempo, Özil agradece a crítica. “Depois entendi por que Mourinho se comportou assim. No fundo, era fácil de entender, ele queria que eu desse tudo de mim, que saísse da minha zona de conforto, queria me impulsionar dessa maneira para que minha evolução não parasse nunca”, escreveu em seu livro, que leva seu nome.
“Em sentido estrito, Mourinho tinha razão. Quando cheguei a Madri tendia a acreditar que bastava um pouco de jogo bonito e a me dar por satisfeito muito rapidamente. Ele me tirou essa atitude e mais tarde agradeci a ele.”
Sob o comando do português, Özil ganhou o Espanhol, a Copa do Rei e a Supercopa da Espanha. Atualmente, no Arsenal, da Inglaterra, ele mantém o nível de atuações a ponto de ter seu lugar garantido por Löw para a disputa de sua terceira Copa do Mundo.
O meia é filho de turcos. Sofreu muito com o racismo no início de carreira e com o medo de ratos na infância. Hoje, ele mostra otimismo com a Alemanha na disputa da Rússia – o time perdeu amistoso para o Brasil por 1 a 0 na terça. “Temos um grupo eclético. Jogadores experientes, que já foram campeões mundiais, e um grupo jovem que mostra um preparo físico, técnico e tático muito bom”, comentou Özil. Para o jogador, a Alemanha vem forte em busca de sua quinta estrela mundial.