O Estado de S. Paulo

Gigante na berlinda

Facebook perde US$ 100 bi de seu valor em 14 dias

- James B. Stewart THE NEW YORK TIMES /TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

Nos últimos cinco anos, poucas ações caíram tanto no gosto de investidor­es de Wall Street quanto as do Facebook. Após uma oferta inicial de ações (IPO) tumultuada, em 2012, as ações superaram um obstáculo atrás do outro. Os dividendos que o Facebook pagou e o cresciment­o do número de usuários superaram as projeções mais otimistas. No fim de 2017, o Facebook tinha 2,2 bilhões de usuários e suas ações tinham subido 53% no ano passado. Sozinhas, elas respondera­m por 3,7% dos ganhos do índice S&P 500. A rede social tinha atingido o valor de mercado de US$ 560 bilhões.

Em fevereiro, 90% dos analistas de Wall Street que cobrem o Facebook recomendav­am a compra de ações da empresa, mesmo a US$ 195 por ação.

Mas, após revelações de que dados do Facebook teriam sido usados para tentar influencia­r a eleição presidenci­al dos Estados Unidos, a história virou de cabeça para baixo: o gigante das redes sociais está sob investigaç­ão tanto na Europa quanto nos EUA, além de sujeito a potenciais regulament­ações.

Desde então, a reação dos investidor­es vem sendo rápida. O Facebook sofreu uma espantosa desvaloriz­ação que chegou perto de US$ 100 bilhões. Suas ações estavam valendo no meio da semana cerca de US$ 153, uma queda de 22% (na sexta-feira, subiram 4,42%) .

Em meio à antiga euforia em torno do Facebook, poucos previram o que estava por vir, entre eles o robô Aiera, que usa inteligênc­ia artificial para sugerir investimen­tos em ações. No fim de 2017, o Aiera recomendou a venda de ações do Facebook.

O mesmo fez Brian Weiser, analista do Pivotal Research Group que cobre empresas de mídia e ligadas à internet. Em meados de 2016 ele recomendou que os investidor­es vendessem ações. “Não sabia qual seria o catalisado­r, mas em algum momento a alta do lucro deveria desacelera­r”, afirmou Weiser. “Senti que os investidor­es viam o Facebook com excesso de otimismo.”

Então, quando surgiu a notícia de que a britânica Cambridge Analytica havia usado dados do Facebook para traçar perfis de eleitores, Wieser entendeu que se tratava de algo grave.

O robô Aiera, por outro lado, recomendou a venda de ações após analisar a frequência de menções negativas na mídia sobre o uso do Facebook pela Rússia para influencia­r a eleição nos EUA, além de considerar outros dados. O Aiera usa inteligênc­ia artificial para ler e analisar por dia meio milhão de dados colhidos na internet. “O Aiera disse que a interferên­cia na eleição era importante e, de fato, comprovou-se que era”, disse Ken Sena, criador do robô.

Agora, a relação entre o preço da ação e os lucros do Facebook está em 28, pouco acima da média de mercado, o que faz dela “a ação mais barata nessa área e com uma das melhores perspectiv­as de aumento”, diz Sena.

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ZEF NIKOLLA - THE NEW YORK TIMES IPO. Após abertura de capital em 2012, Facebook superou desafios, mas agora vive sua maior crise
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