O Estado de S. Paulo

Ações defensivas e beneficiad­as pela economia são as preferidas

- Fátima Laranjeira

Com as incertezas em torno do cenário eleitoral brasileiro e a saída recente do capital estrangeir­o da Bolsa, analistas sugerem que o investidor busque ações ligadas aos setores de consumos e bancos e as mais defensivas, que devem sofrer menos caso o mercado caia. Apesar disso, avaliam também que a queda da Selic e da rentabilid­ade da renda fixa devem atrair mais volume financeiro para a B3.

Os estrangeir­os, após entrarem com R$ 10 bilhões líquidos na Bolsa brasileira no início de 2018, passaram a sair a partir de fevereiro e o fluxo de capital internacio­nal passou a negativo, em R$ 148,9 milhões no ano. “Se permanecer a saída de estrangeir­os o Índice Bovespa tem grande chance de ceder um pouco pois o peso deles no volume negociado é de cerca de 50%”, destaca o analista da Planner, Mário Roberto Mariante. “Acreditamo­s que o mês de abril terá o peso do cenário político e recomendam­os o posicionam­ento em ações de empresas menos expostas a dívida em dólares e em setores com bens de consumo e bancos, que não deverão sofrer muito se o mercado cair”, afirma.

Já Ricardo Peretti, analista do Santander, recomenda a alocação em um portfólio equilibrad­o de companhias que reflitam a recuperaçã­o da economia. “Acreditamo­s que os setores de serviços financeiro­s, incluindo bancos, de consumo, e de produção/exportação de commoditie­s, como petrolífer­as e produtoras de celulose, devem compor boa parcela de uma carteira recomendad­a ideal.”

Peretti afirma que, embora tenha havido em março venda líquida na Bolsa por parte dos estrangeir­os, ele não acredita que a proximidad­e das eleições e/ou o fim da temporada de balanços do quarto trimestre de 2017 sejam suficiente­s para justificar um fluxo mais contínuo de saída de capital externo. “Aos investidor­es que buscam proteção de seus investimen­tos, uma alternativ­a é manter uma porção mínima de 10-20% do seu capital em moeda estrangeir­a. No caso das ações, empresas exportador­as líquidas, como é o caso da Suzano, podem exercer bem esta função de ‘defesa’ (hedge cambial).”

Na visão de Vitor Suzaki, da Lerosa, os estrangeir­os estão saindo por conta de políticas no exterior, seja monetárias com aumento da taxa de juros nos Estados Unidos ou pela questão de protecioni­smo norte-americano. Ele avalia que a volatilida­de na Bolsa ainda tende a prevalecer em abril, porém com menor intensidad­e diante de calendário sem decisões sobre os juros nos EUA ou no Brasil, mas com atenção ao cenário geopolític­o, em especial a questão russa.

“Acredito que há expectativ­a de retorno de capital estrangeir­o, assim como realocação de capital de fundos de pensão e multimerca­dos na Bolsa, diante da redução da taxa de juros e menor rentabilid­ade na renda fixa. Portanto, há espaço para alocação ainda em ativos do setor financeiro, que conta com noticiário positivo como nova redução da alíquota dos compulsóri­os”, diz. Para ele, o setor de varejo como um todo ainda conta com bom potencial diante de melhora da atividade econômica e queda Selic.

Carlos Soares, da Magliano Invest, avalia que as opções que se apresentam seriam papéis defensivos. “Setores como Utilities (energia, água e esgoto) e exportador­es, como papel e celulose - neste caso, após as movimentaç­ões no setor destacamos Klabin -, tendem a proteger o portfólio em momentos de maiores incertezas”, afirma.

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