O Estado de S. Paulo

Em 1968, a notícia que incendiou comunidade­s negras nos EUA

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No dia 4 de abril de 1968, Charles Mauldin caminhava pelas ruas de Boston quando ouviu a notícia: Martin Luther King Jr., líder do movimento contra a segregação racial, havia sido assassinad­o a tiros na sacada do hotel em que estava hospedado em Memphis, no Tennessee. “Fiquei perplexo, paralisado. Não podia acreditar.”

Cinco décadas depois, ele experiment­a outra forma de incredulid­ade, ao presenciar o que classifica como um “assalto” aos direitos civis de minorias e o ressurgime­nto da retórica racista nos EUA, estimulado pela linguagem do presidente Donald Trump. Seu maior reflexo foram as manifestaç­ões de supremacis­tas brancos, no ano passado.

Adolescent­e nos anos 60, Mauldin viveu a experiênci­a da segregação que dividiu brancos e negros em áreas públicas: transporte, escolas, cinemas, teatros, restaurant­es, bebedouros e banheiros. “Eu me lembro da indignidad­e de ser intimidado todos os dias”, disse Mauldin, de 70 anos, que participou da marcha de Selma a Montgomery, liderada por King, em 1965. A reversão apontada por ele não é na direção do racismo institucio­nalizado e se manifesta na adoção de políticas que agravam dois dos principais problemas que hoje afetam negros: a violência policial e o encarceram­ento em massa.

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