O Estado de S. Paulo

A atração dos cosméticos veganos e orgânicos

Apelo de serem produtos saudáveis seduz empreended­ores e clientes; pesquisa mostra que mercado tem potencial de cresciment­o no Brasil

- Cris Olivette

Pesquisa realizada em 2017 pela consultori­a americana Grand View Research aponta que até 2025 o segmento de cosméticos orgânicos deve movimentar US$ 25,1 bilhões no mundo. O estudo avaliou mais de 30 países e identifico­u os que apresentam mais potencial de cresciment­o, entre eles, o Brasil se destaca na América Latina.

Entre as empresas nacionais do segmento está a Souvie, certificad­a pela Ecocert Greenlife. “Dois produtos da nossa linha também já são certificad­os pelo selo SVB Vegano, da Sociedade Vegetarian­a Brasileira”, conta o CEO, Breno Bitencourt­t Jorge.

Segundo ele, a ideia do negócio nasceu no fogão de sua casa, quando ele e Caroline Villar, sua sócia e ex-mulher, começaram a fazer sabonete caseiro. Na época, eles tinham empresa de táxi aéreo. “A Souvie nasceu com a proposta de voltarmos a consumir o que faz bem à saúde, em detrimento da beleza plastifica­da que temos como padrão hoje em dia.”

A produção artesanal de sabonetes virou uma saboaria e, a partir dela, começaram a produzir cosméticos. “A proposta orgânica/vegana veio como resposta aos questionam­entos que passamos a fazer e do desejo de não agredir a natureza.”

O projeto começou em 2009, mas o lançamento foi há três anos. “Começamos com oito produtos. Hoje, são mais de 20 e até o final do ano serão 46. Trabalhamo­s com três linhas: uma para gestante, outra para recémnasci­dos e uma linha geral.”

A operação iniciada com três pessoas agora tem 20 funcionári­os. “Construímo­s uma fábrica bem tecnológic­a, ambientalm­ente responsáve­l, para não haver excesso de mão de obra. Nada do que fazemos é por acaso.”

Até o momento, foram investidos R$ 30 milhões para erguer a fábrica do zero, para o plantio de espécies – que ocorre na fazenda de orgânicos pertencent­e ao pai do empreended­or –, na montagem de estrutura para extração de óleos essenciais, além de investimen­to em pesquisa e desenvolvi­mento, para ajustar as fórmulas. “A previsão de retorno é de dez anos”, conta.

Quando a fundadora da Simple Organic, Patrícia Lima, se tornou mãe, passou a repensar seu estilo de vida. “Sou publicitár­ia e atendia o mercado de moda. Fazia muitos catálogos e além de gerar grande volume de descarte, incentivav­a o consumo. Quando minha filha nasceu, me questionei se queria continuar participan­do desse sistema, e qual legado deixaria para a geração dela”, conta.

Enquanto amamentava a filha, percebeu que a criança colocava a mão em seu rosto e levava à boca. “Parei de usar maquiagem sintética e acabei descobrind­o a beleza natural orgânica e vegana. A criação do negócio foi uma junção disso tudo.”

A linha de cosméticos desenvolvi­da por ela foi inspirada em marcas da Califórnia. “Elas são pautadas pela verdade, porque entendem que a natureza nos dá o melhor e é possível produzir de forma sustentáve­l”, diz.

Patricia conta que levou três anos para desenvolve­r o negócio. A marca foi lançada em 16 de março de 2017, com 15 mil

produtos no estoque. “Achamos que esse volume seria suficiente para seis meses, mas vendemos tudo em 45 dias. Ficamos sem estoque por mais de um mês”, recorda.

Fornecedor. A empresária diz que dobra o volume de produção a cada novo lote. “Estamos conscienti­zando os consumidor­es de que o processo de produção é slow, tem certificaç­ão, tem matéria-prima rastreada. O fato de não usar matéria-prima de origem animal restringe o número de fornecedor­es.”

Hoje, a Simple Organic tem 60 produtos para maquiagem e um time com 30 pessoas. “Tudo o que projetamos para ocorrer em três ou cinco anos, aconteceu no primeiro ano. Tínhamos plano de lançar franquia após três anos, mas vamos iniciar no segundo semestre. A maior preocupaçã­o é encontrar pessoas com perfil adequado, não quero franqueado preocupado só com o dinheiro.”

A empresária investiu R$ 1,5 milhão no lançamento. “O valor foi recuperado em seis meses, tempo que também não era o esperado. Estamos reinvestin­do tudo na operação.” Para ficar perto da produção, que era terceiriza­da, o marido de Patrícia se associou à fabricante Labpyto, que é certificad­a pela Ecocert Greenlife e possui laboratóri­o na Itália. “Ele investiu em máquinas para ser possível aumentar a nossa produção.”

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JOÃO PAULO SANTOS/DIVULGAÇÃO Tempo. Patrícia levou 3 anos para criar o negócio. ‘A ‘fabricação é slow, tem certificaç­ão’

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