O Estado de S. Paulo

Trump nega benefício para jovens ilegais

Velho alvo. No feriado de Páscoa, presidente americano coloca sob risco de deportação cerca de 800 mil pessoas que chegaram ao país ainda crianças e ameaça acabar com o Nafta, caso governo mexicano não contenha fluxo migratório na fronteira

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O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que não haverá acordo para legalizar cerca de 800 mil imigrantes levados ao país ainda crianças. Ele ameaçou acabar com o Nafta se o México não frear o fluxo de pessoas.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse ontem que não haverá um acordo para legalizar os jovens imigrantes conhecidos como “dreamers” (sonhadores), que foram levados ao país ainda crianças – e agora correm risco de deportação. Pelo Twitter, ele ameaçou ainda retirar o país do Nafta se o governo mexicano não contiver o fluxo de imigrantes na fronteira.

Depois de publicar uma mensagem de “Feliz Páscoa” na rede social, Trump disse que “os agentes de patrulha da fronteira não têm permissão para fazer o trabalho corretamen­te em razão de leis liberais ridículas”. “Os republican­os devem aprovar leis mais duras agora. Não há mais acordo para o Daca.”

O “Daca” a que se referia Trump é o programa batizado de Ação Diferida para os que Chegaram na Infância (Daca, na sigla em inglês), em 2012, pelo ex-presidente democrata Barack Obama. O objetivo era proteger da deportação pessoas que haviam sido levadas aos EUA ainda crianças por pais que eram imigrantes ilegais.

Recentemen­te, Trump tentou acabar com o programa de Obama. No entanto, antes de finalizá-lo definitiva­mente, deu um prazo de seis meses – que expirou sábado – para que o Congresso encontrass­e uma solução.

Em janeiro, o juiz William Alsup, de San Francisco, bloqueou a revogação do programa e ordenou ao Executivo a manutenção do Daca em nível nacional, nos mesmos termos e condições que ele tinha antes de ser suprimido. A Casa Branca considerou a decisão “escandalos­a” e defendeu que o futuro dos jovens deve ser decidido pelo processo legislativ­o – e não por uma ordem executiva, como fez Obama.

A decisão de Trump deve afetar cerca de 800 mil pessoas que estavam protegidas pelo Daca. A maioria desses jovens nasceu no México ou em outros países centro-americanos e vive na Califórnia e no Texas. Com o fim do programa, muitos beneficiár­ios temem que as autoridade­s usem as informaçõe­s e dados pessoais cadastrado­s para localizá-los e deportá-los.

Nafta. Enclausura­do em seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida, Trump também acusou o México de fazer “muito pouco” para deter o fluxo de pessoas na fronteira com os EUA e, em represália, ameaçou retirar o país do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), atualmente em renegociaç­ão.

“O México está fazendo muito pouco ou nada para impedir que as pessoas cheguem por sua fronteira sul, e depois entrem nos EUA. Eles riem de nossas leis idiotas de imigração”, tuitou o presidente. “Eles devem deter a droga e o fluxo de pessoas ou vou deter seus ganhos com o Nafta.”

Trump disse que ainda está aberto a negociar um acordo sobre o Daca com os democratas no Congresso, desde que haja financiame­nto para a construção de um muro na fronteira com o México, uma de suas principais promessas de campanha.

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YURI GRIPAS/REUTERS Feriado na Flórida. Trump acusou México de fazer ‘muito pouco’ para deter imigrantes

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